Porta-voz do MRE da China, Mao Ning, diz a EUA que pare de difamar a China | Divulgação

A porta-voz da chancelaria chinesa, Mao Ning, instou Washington a “parar de repetir a narrativa do ‘vazamento de laboratório’, parar de difamar a China e parar de politizar o rastreamento das origens”, após o Wall Street Journal ter no domingo (26) requentado a farsa, asseverando que o Departamento de Energia (!) dos EUA passara a endossar a ‘tese do vírus de Covid chinês’, com base em supostas “novas informações”, embora de “baixa confiança” – isto é, baixa credibilidade.

O que bastou para a histeria anti-China voltar às manchetes da mídia dos EUA – e dali, para o mundo inteiro -, três semanas depois do estardalhaço da ‘ameaça do balão chinês’.

Parece ainda que não ocorreu a ninguém nos EUA indagar que expertise um Departamento de Energia tem para opinar sobre epidemias e virologia, ainda mais em nível internacional, mas como o WSJ informou que o Departamento do Tesouro ainda não deu seu palpite, isso lá deve ser considerado normal.

“O rastreamento das origens do SARS-CoV-2 é uma questão científica e não deve ser politizado”, sublinhou a porta-voz chinesa, destacando que a China “sempre apoiou e participou do rastreamento global de origens baseado na ciência”.

A “conclusão científica e confiável alcançada pelos especialistas da missão conjunta OMS-China após viagens de campo ao laboratório em Wuhan e comunicação aprofundada com pesquisadores” foi que a origem do laboratório é “considerada extremamente improvável”, ela observou, acrescentando que esta conclusão “foi registrada com precisão no relatório da missão e recebeu amplo reconhecimento da comunidade internacional”.

Em janeiro e fevereiro de 2021, uma equipe conjunta de especialistas OMS-China conduziu uma investigação e pesquisa de 28 dias na China e divulgou um relatório sobre o estudo global das origens do vírus.

PROVOCAÇÃO

Posteriormente, a Casa Branca buscou se desvincular em parte, com o secretário de Segurança Nacional Jake Sullivan admitindo que as conclusões relatadas foram rotuladas como “baixa confiança” e que outras agências de inteligência dos EUA ainda não avaliaram a tese – aliás vanguardeada pelo antecessor Trump. Mas sem a esvaziar. À CNN, Sullivan disse que “não há uma resposta definitiva que surgiu da comunidade de inteligência sobre esta questão”.

Curiosamente o autor do artigo do WSJ sobre o “vírus chinês”, Michael R. Gordon, foi, há 20 anos atrás, um dos artífices, então no New York Times, do artigo que sustentou a mentira das “armas de destruição em massa de Saddam”, peça-chave para a invasão do Iraque.

Segundo o WSJ, o “relatório de inteligência confidencial” do Departamento de Energia dizendo que o vírus provavelmente se espalhou devido a um acidente em um laboratório chinês foi entregue à Casa Branca e aos principais membros do Congresso.

Para o jornal Global Times, considerado um porta-voz oficioso de Pequim, uma das razões para o requentamento é que nesta terça-feira estava programada a primeira audiência do recém-formado “Comitê Seleto sobre a Competição Estratégica entre os Estados Unidos e o Partido Comunista Chinês” da Câmara, que irá se concentrar “nas ameaças da China”. O que explicaria a publicação pelo WSJ do relatório de menos de cinco páginas do Departamento de Energia apenas dois dias antes, descrito como de “baixa confiança”.

“A percepção da sociedade americana sobre a China está sendo envenenada mais uma vez”, advertiu o GT, apontando que isso deixa o governo dos EUA com cada vez menos espaço de manobra em sua política para a China, “levando a uma espiral de tensões crescentes nas relações EUA-China”.

“Nos últimos dois anos, a questão do rastreamento das origens do vírus foi usada pelos políticos dos EUA como uma ferramenta política onipotente que pode ser levantada a qualquer momento para manipular as pessoas devido à sua natureza inverificável e difícil de refutar”.

Para ser franco, “baixa confiança” significa basicamente infundado. O fato de os EUA estarem usando suas agências de inteligência para conduzir o rastreamento de origens “é uma evidência de que o assunto foi politizado”.

Além disso – acrescenta o GT -, “os EUA simplesmente não estão qualificados para realizar sozinhos o rastreamento das origens. O rastreamento das origens do COVID-19 é uma questão científica séria e complexa, que deve e só pode ser realizada por meio de cooperação científica global”.

“Uma mentira repetida mil vezes ainda é uma mentira”, reitera o Global Times, que aproveita para chamar a atenção para a rede mundial de biolaboratórios sob o controle do Pentágono. “Sobre a questão do rastreamento de origens, é a vez dos EUA abrirem seus laboratórios biológicos suspeitos e convidarem especialistas internacionais de renome para investigar’.

Fonte: Papiro