A Polícia Militar do Piauí tem agora viaturas na cor lilás para atender casos relacionados à violência contra a mulher e feminicídios. A identificação, além de contribuir para chamar atenção da sociedade quanto à necessidade de se combater esses tipos de crime, também cria um constrangimento ao expor o agressor. 

Num país machista como o Brasil, apesar de positiva, a novidade levantou debates nas redes. Enquanto alguns opinaram que a polícia não deveria estar associada a “causas identitárias” e outros fizeram comentários homofóbicos ou criticando a associação das pautas relacionadas às mulheres a uma determinada cor, muitos internautas, especialmente elas, viram a iniciativa como positiva justamente por expor quem agride.  

“O Piauí nos principais assuntos do Twitter porque os Bolsominions estão indignados com a PM ter recebido três viaturas lilás para a Patrulha Maria da Penha. O Brasil tem em média quatro feminicídios por dia, mas o que incomoda essa galera é a cor da viatura que vai prender o agressor”, comentou a internauta Laila Galvão em sua conta. 

O secretário de Segurança do estado, Chico Lucas, explicou à TV Clube do Piauí que “quando uma juíza da Maria da Penha der uma medida restritiva ao agressor, a patrulha verificará o cumprimento da medida. Se não estiver sendo cumprida, as policias irão prender o agressor na viatura lilás. Todos devem saber que o homem levado por essa viatura específica é um agressor”.

Ao UOL, a capitã Leoneide Rocha, comandante da Patrulha Maria da Penha, destacou que “a importância das viaturas nessa coloração é porque buscaremos, de uma forma mais objetiva e mais direta, constranger o agressor para que ele se sinta envergonhado na presença da viatura lilás, na porta da residência dele, todas as pessoas vão saber que ali existe um agressor de mulheres”.

Entre agosto de 2021 e janeiro de 2022, o Piauí registrou 75 casos de violência contra a mulher, o que equivale à média de um caso a cada 72 horas. Desses, 37 foram tentativas de feminicídio e agressões físicas; 22 foram feminicídios e 13 foram de violência sexual ou estupro. As outras ocorrências dizem respeito a agressões verbais, homicídios, tortura e cárcere privado. 

(PL)