Chanceler sírio: “ataque de Israel a Damasco após terremoto é crime contra a Humanidade”
O ataque deve ser considerado um “crime contra a humanidade”, já que ocorreu menos de duas semanas após o terremoto de 6 de fevereiro que deixou milhares de mortos em todo o país, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Síria, Faisal Mekdad.
O ataque israelense com míssil atingiu um prédio no bairro central de Damasco, Kafr Sousa, pouco depois de meia noite, no início do domingo (19). Além dos mortos e feridos – alguns gravemente -, vários prédios no distrito densamente povoado ficaram danificados, disseram testemunhas e autoridades.
A Rússia condenou nos termos mais duros os ataques israelenses em Damasco e arredores, que mataram cinco civis e feriram 15, dizendo que esse bombardeio constitui uma flagrante violação do direito internacional e considerando-o particularmente desprezível e inaceitável, considerando a crise humanitária que a Síria enfrenta devido ao terremoto.
“Condenamos veementemente a ação empreendida por Israel, que constitui uma violação flagrante do direito internacional. Pedimos a Israel que ponha fim às provocações armadas contra a Síria e se abstenha de tomar medidas que possam ter consequências perigosas para toda a região”, reiterou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
“Acreditamos que a continuação de uma prática tão implacável é totalmente inaceitável, especialmente em um momento em que muitos países ao redor do mundo, incluindo a Rússia, estão ajudando ativamente a Síria a superar o terremoto devastador”, disse a porta-voz.
Segundo Edmond Ajji, do diretório de patrimônio histórico da Síria, a cidadela histórica da capital sofreu danos no bombardeio. O antigo castelo de Damasco e os Institutos Intermediários de Artes Aplicadas e Arqueologia localizados dentro dele sofreram grandes danos como resultado do ataque. Foram também destruídos os gabinetes do projeto nacional de recuperação do castelo e o arquivo digital e em papel deste programa. O local atacado é um espaço para atividades culturais e sociais e não tem qualquer caráter militar.
O ataque é uma prova inquestionável da criminalidade e do racismo de Tel Aviv, que ataca vidas, valores, civilizações e culturas humanas, disse a ministra da Cultura, Lubana Mashouh. Ela apelou à Unesco e às organizações internacionais para que mobilizem a opinião pública mundial no sentido de condenar esta ação contra bens culturais da Humanidade.
Em 2022 Israel realizou quase 40 incursões bélicas contra a Síria, algumas contra instalações civis de infraestrutura, como o centro de pesquisa científica Messiaf, os aeroportos internacionais de Damasco e Aleppo e o porto comercial de Latakia.
A agência de notícias Reuters atribuiu a “duas fontes de inteligência ocidentais” o suposto álibi para o crime de guerra israelense, asseverando que o “alvo” seria um “centro de logística” em um prédio “administrado pela Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC)”.
Analistas da cena política israelense acreditam que a principal “motivação” da provocação não foi qualquer urgência em relação a algum suposto “centro logístico” iraniano, mas a premência do atual regime Netanyahu/supremacistas pró-apartheid em deter seu isolamento, como mostrado pelas multidões que têm ido às ruas contra a usurpação dos últimos vestígios de democracia em Israel, via mutilação do judiciário, apostando na carta cínica de uma suposta “ameaça externa”.
Fonte: Papiro