Nova siderúrgica estatal da Bolívia reduzirá em 50% sua importação de aço
O presidente da Empresa Siderúrgica de Mutún (ESM), Jorge Alvarado, informou que já a partir do ano que vem a produção da estatal boliviana permitirá a redução das importações de aço em cerca de 50%. “Com esta fábrica, prevê-se produzir inicialmente em torno de 200 mil toneladas por ano”, anunciou na última terça-feira (14), frisando que o país importa atualmente cerca de 400.000 a 450.000 toneladas de aço por ano do Peru, Argentina e Brasil, principalmente.
Jorge Alvarado comemorou a importante conquista e assinalou que está em consonância com a política de industrialização e substituição de importações implementada pelo presidente Luis Arce, do Movimento Ao Socialismo (MAS). “Temos certeza de que este projeto se concretizará ainda neste ano para que a partir de janeiro de 2024 já estejamos iniciando a produção de aço na primeira Siderúrgica Nacional de Mutún”, assegurou. Conforme explicou Alvarado no começo do ano, a construção da planta industrial já havia avançado 67% no município de Puerto Suárez, no departamento [estado] de Santa Cruz, fronteira com o município de Corumbá, no Brasil.
Depois de ter sido paralisado entre o final de 2019 e 2020 durante o governo golpista de Jeanine Áñez – condenada a 10 anos de prisão pelos crimes cometidos -, o projeto foi reativado em junho de 2021. Para isso, o empreendimento contou com investimento de US$ 546 milhões destinados à construção de sete usinas: concentração, pelotização – processo de compressão ou moldagem -, redução direta, siderúrgia, laminação e com uma usina elétrica e outras usinas auxiliares.
Além da imensa jazida de ferro, que possui reservas estimadas em aproximadamente 40 bilhões de toneladas – o que a coloca entre as 10 maiores reservas do mundo – o país conta com 10 bilhões de toneladas de manganês em termos de reserva mineral.
Segundo o presidente da ESM, esse complexo “mãe” produzirá barras de aço ondulado e fiação de diferentes diâmetros. Desta última produção será possível obter subprodutos como pregos, arames, porcas, parafusos, entre outros, para os quais terão de ser instaladas novas pequenas fábricas, gerando mais empregos e mais renda para os bolivianos. “A Empresa Siderúrgica de Mutún não produzirá esses subprodutos, mas outras empresas o farão e isso já dá uma ideia da quantidade de empregos que serão gerados com essas pequenas fábricas”, apontou.
A atual fase de construção da siderurgia emprega 1.200 trabalhadores diretos e 1.500 indiretos; porém, quando entrar em operação, serão gerados 700 empregos diretos (profissionais e operários) e 1.500 indiretos em Mutún.
“Daí a importância dessa usina, desse complexo siderúrgico, que vai além da produção de aço, mas também a geração de empregos”, frisou.
Em declarações anteriores, Alvarado explicou que os equipamentos, maquinários e outras infraestruturas com as quais a siderúrgica é construída são fabricados na Alemanha, Espanha, França, Itália, China e México, com tecnologia moderna.
Anteriormente, o contrato para a exploração do minério de ferro de Mutún era com uma corporação transnacional, o que impedia o desenvolvimento e a soberania do país, tendo sido então suspenso pelo governo de Evo Morales, em 2007.
Fonte: Papiro