Luta em defesa da idade mínima para as aposentadorias tem levado milhões às ruas da França | Foto: Thomas Samson/AFP

Após manifestações em todo o país, a Intersindical que congrega as centrais sindicais da França convocou “toda a população a se manifestar ainda mais massivamente no sábado, 11 de fevereiro, em todo o território, para dizer não a esta reforma da Previdência que pretende aumentar a idade mínima de aposentadoria”.

A manifestação de sábado será o primeiro dia de protesto em um fim de semana em que os trabalhadores não precisam fazer greve ou tirar folga para marchar. “No sábado, todos podem participar das manifestações. Precisa ser um evento popular, massivo e festivo”, disse Laurent Berger, chefe da Confederação Francesa Democrática do Trabalho CFDT, à BFM TV.

A CFDT, junto com a Confederação Geral do Trabalho (CGT), a Confederação Francesa de Gestão-Confederação Geral de Executivos, a União Nacional dos Sindicatos Autônomos e o Sindicato da Solidariedade estão entre as principais centrais unidas na Intersindical que repudiam o aumento da idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 que o governo de Emmanuel Macron pretende impor. A partir de 2027, o plano também exigue pelo menos 43 anos de trabalho para ter direito a uma pensão completa.

Quando a Assembleia Nacional (Parlamento) do país começou a debater o contestado projeto de lei na terça-feira (07), diversos sindicatos prometeram aumentar a pressão sobre os deputados, o que não ficou só nas mobilizações deste fim de semana. As centrais sindicais convocaram para o dia 16 de fevereiro uma nova jornada de greves contra a reforma se até lá não houver um recuo do governo.

“Mais do que nunca, a população apoia todas as organizações sindicais profissionais e juvenis que se opõem ao aumento da idade legal de aposentadoria para 64 anos e ao alargamento da duração das contribuições. Mais de 9 em cada 10 trabalhadores rejeitam a reforma, mais de dois terços da população apoia as mobilizações”, precisou na convocatória a Intersindical.

Da mesma forma, a referida organização insistiu em que uma democracia que funcione deve estar atenta à posição da grande maioria da população, que se opõe a essa reforma, qualificando o governo de surdo a esta reivindicação.

As alegações de Macron de falta de recursos foram contestadas pela CGT. “Para financiar pensões e aposentadorias melhores aos 60 anos, existem soluções. Aumentar salários, criar empregos, tributar dividendos, garantir igualdade salarial, jornada de 32 horas. O governo se recusa a debatê-lo”, enfatizou a Confederação.

“Mesmo que se comprovasse o cenário de déficit de 12 bilhões de euros em 2027 argumentado pelo governo, bastaria um aumento de 0,8% de contribuição para preenchê-lo. Metade do suposto déficit seria coberto caso se acabe com a diferença salarial de 28% entre mulheres e homens [salário igual para trabalho igual]”, assinalou.

A CGT destacou ainda que ao “aumentar os salários, automaticamente aumentam as contribuições para a previdência social para financiar as aposentadorias e se garantem melhores direitos à pensão”. Ao recrutar os 400.000 funcionários necessários para o serviço público hospitalar, seriam arrecadados “mais 5 bilhões de euros para a previdência”.

As isenções fiscais concedidas às empresas, que totalizam 157 bilhões de euros anuais, “são 13 vezes” o déficit previdenciário anunciado assinalou a central sindical, convocando ainda a eliminar as isenções aos dividendos das empresas e rendimentos financeiros: “no ano passado os acionistas das empresas CAC 40 [índice da Bolsa de Paris] receberam 80 bilhões de euros”.

Espera-se que a Assembleia Nacional conclua a primeira leitura do projeto de lei até o prazo auto-imposto de 17 de fevereiro – um dia após o quinto dia de mobilização geral.

Fonte: Papiro