PRF e Ibama apreendem mais de 4 mil m³ de madeira ilegal em Jacundá, no Pará | Foto: Divulgação/PRF

O desmatamento na Amazônia registrou a primeira queda neste primeiro mês de 2023, após uma escalada sem precedentes nos quatro anos de governo Bolsonaro. Relatório divulgado pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), nesta sexta-feira (10), aponta que o acumulado de alertas de desmatamento em janeiro de 2023 na Amazônia Legal foi de 167 km², a quarta menor marca para o mês na série histórica do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que começou em 2015.

No ano passado, o índice chegou a 430 km² no mesmo mês. Assim, a queda em relação ao mesmo período de 2022 foi de 61%. A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro, e engloba a área total de 8 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão.

Os alertas são feitos pelo Deter, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal, por exploração de madeira, mineração, queimadas e outras.

Por isso, após a finalização da análise dos dados pelo Inpe, que costuma rever a influência de fatores como a cobertura de nuvens na medição das taxas, os números tiveram uma leve alteração no começo do mês.

Com os 167 km² (uma área do tamanho da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte), a taxa deste ano só ficou acima das marcas de 2017, 2019 e 2021, quando o índice chegou a 58, 136 e 83 km², respectivamente.

O Deter não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o problema está acontecendo. O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) é considerado o sistema mais preciso para medir as taxas anuais.

De acordo com o último relatório do Prodes, divulgado em novembro, a área desmatada na Amazônia foi de 11.568 km² entre agosto de 2021 e julho de 2022, sendo equivalente ao tamanho do Catar.

O índice representa uma queda de 11% do total da área desmatada entre a última temperada (agosto de 2020 – julho de 2021). Na edição anterior, o número foi de 13.038 km², maior número desde 2006.

Apesar dessa queda pontual, o desmatamento na Amazônia cresceu 59,5% durante os quatro anos de governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a maior alta percentual num mandato presidencial desde o início das medições por satélite, em 1988.

Em um comunicado, a organização ambiental WWF avaliou positivamente o dado de desmatamento de janeiro de 2023, ainda que tenha pontuado que não é possível falar sobre uma reversão da tendência de destruição da selva.

Em 2022, último ano do governo Bolsonaro, a Amazônia brasileira perdeu 10.267 quilômetros quadrados de cobertura vegetal, um nível recorde desde que começou a medição por satélite.

O presidente Lula (PT) pôs entre suas prioridades a luta contra o desmatamento com objetivo de reduzi-lo a zero até 2030.

Em seu primeiro mês de governo, Lula reativou o Fundo Amazônia, financiado por Noruega e Alemanha, revogou medidas polêmicas do governo Bolsonaro e montou um grupo com 17 ministérios para definir as políticas de conservação da floresta. No Brasil, o desmatamento é a principal causa de emissão de gases do efeito estufa.

A comissão trabalhará no monitoramento das ações de combate à derrubada de florestas e no acompanhamento das políticas públicas relacionadas à Amazônia, entre elas: a conservação da diversidade biológica; e redução das emissões de gases de efeito estufa.

Inicialmente, o foco será no bioma amazônico. Após a redução do desmatamento nos estados que têm floresta, o grupo trabalhará para diminuir a devastação no Cerrado e nos demais biomas.

Fonte: Página 8