Ministro da Educação, Aloizio Mercadante| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, afirmou ao UOL Entrevista que no Brasil há espaço para que a taxa de juros seja reduzida.

“É evidente que há espaço para redução da taxa de juros”, declarou.

Segundo Mercadante, é preciso discutir em que ritmo, em que prazo, isso vai acontecer, ressaltando que o que impactou foi a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, após manter a taxa Selic em 13,75%, “falar que a taxa vai ficar até 2024”.

“A taxa de juros do Brasil hoje é a maior do mundo, 8% real, é o dobro do segundo país”, ressaltou.

“O que me interessa, aqui na ponta, como presidente de um banco público, é que essa taxa favoreça os empréstimos, que a gente alavanque o crédito, que a gente alivie a pressão financeira das empresas. Se você pegar o mercado B3, em um ano, o custo financeiro das empresas subir 176%! É isso que estamos falando. Não há como as empresas viverem em um processo como esse”, sentenciou.

“Temos que criar as condições e tomar as medidas necessárias para que essas taxas de juros caiam”, disse Mercadante. “Os bancos centrais aumentaram os juros, mas nenhum nessa velocidade e no tamanho que o Brasil teve”.

“Nós temos que tomar as medidas necessárias para que haja uma queda sustentável. É muito importante para a economia, para o alívio das empresas e do próprio sistema financeiro”, afirmou.

“O BNDES vai tomar medidas para reduzir as taxas, porque, além disso, o BNDES nesses últimos anos transferiu R$ 678 bilhões para o Tesouro Nacional. Isso não é papel do BNDES. Tirar dinheiro da economia e financiar o Tesouro. O papel do BNDES é financiar a economia, financiar o investimento, fazer a economia crescer e gerar emprego”, disse.

“Nós queremos rediscutir algumas medidas para poder o BNDES ter mais recursos para ajudar a economia na retomada e no crescimento”, frisou Mercadante.

“O custo de capital no Brasil é muito alto para as empresas brasileiras. A nossa indústria era 25% da economia mundial, nós éramos o 10º país mais industrializado do mundo, hoje nós somos o 15º e a nossa indústria é 11% do PIB. Temos que olhar a indústria com muito mais atenção”, acrescentou.

“Eu tenho visto algumas afirmações completamente descabidas, por exemplo, de que o Brasil é a fazenda do mundo, excelente se somos a fazenda do mundo, excelente se somos grande produtor e exportador de alimentos”, disse citando a Embrapa, que modernizou a agricultura, com pesquisas, inovação, equipamentos, ciência e tecnologia. “Mas a agricultura tem financiamento que não se compara à indústria em relação a taxa de juros. Ela é muito mais favorecida, tem uma carga tributária muito pequena, aqui e em toda parte. A indústria brasileira precisa ser olhada com atenção, não podemos nos acomodar com a ideia de desindustrialização, o BNDES tem que pensar o desenvolvimento, o financiamento da indústria”, afirmou o presidente do histórico banco de fomento.

Fonte: Página 8