PF abre investigação para apurar genocídio contra os yanomamis
A Polícia Federal (PF) abriu mais uma investigação, nesta quarta-feira (25), em torno das investigações dos prováveis delitos de omissão e, até, genocídio alusivos à crise humanitária que atinge a população indígena dos yanomamis no Estado de Roraima.
O objetivo do órgão policial é verificar até onde houve omissão e negligência por parte de agentes públicos, bem como apurar as práticas delituosas do garimpo ilegal na região e seus financiadores.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, foi o responsável pelo pedido de inquérito e a investigação já foi aberta e informada a ele.
Através de manifestação pública, a PF informou que irá “apurar os crimes de genocídio, omissão de socorro, crimes ambientais, além de outros crimes conexos em Terras Indígenas Yanomami”, entre outros prováveis delitos que poderão ser apurados pelos investigadores que são responsáveis pela investigação.
Recentemente, em visita à região, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi enfático ao apontar a responsabilidade de seu antecessor pelo que viu de trágico na terra dos yanomamis.
“É desumano o que eu vi aqui. Sinceramente, se o presidente que deixou a Presidência esses dias em vez de fazer tanta motociata tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo não tivesse tão abandonado como está”, sentenciou o presidente.
Através de entrevista concedida à GloboNews o ministro Flávio Dino afirmou que o objetivo final dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos na região é a identificação das “pessoas que estão em Roraima como aqueles que estavam acima na cadeia hierárquica”.
Flávio Dino informou que existem centenas de documentos oficiais que foram encaminhados aos ministérios e outros órgãos públicos para providências. Segundo ele, “essas pessoas têm que ser chamadas a explicar porque, uma vez avisadas, não agiram. Isso será explicado à Polícia Federal”, disse.
O ministro falou que está em curso um processo de ‘desintrusão’ [desocupação], que será construído com a polícia local, as Forças Armadas e outros órgãos: “Há um cruzamento entre essas ocupações ilegais com o sofrimento da população”, disse.
Enquanto isso, o governo federal elabora um plano emergencial para combater o problema da fome e da segurança na região, especialmente junto aos ministérios da Saúde, Desenvolvimento e Povos Indígenas, pois 570 crianças yanomamis já foram a óbito por desnutrição e contaminação por mercúrio.
De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, isso aconteceu em razão do “impacto das atividades de garimpo ilegal na região”.
Por sua vez, o estado de emergência foi decretado pelo Ministério da Saúde, decisão que consta de portaria publicada e em vigor desde a última sexta-feira (20).
Trata-se, portanto, de um conjunto de iniciativas que foram adotadas depois que a tragédia humana que vitimou os yanomamis foi identificada quando o próprio presidente Lula visitou Roraima, pessoalmente, na última semana.
Outras, certamente, serão tomadas para que a mão do Estado, negada pelo governo Bolsonaro ao longo dos últimos anos, seja capaz de reparar as injustiças que impactaram fortemente aquela reserva indígena e seu povo, causando mortes, abandono e insegurança.
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