Segurança foi reforçada, mas bolsonaristas não apareceram | Foto: José Cruz/Agência Brasil

A “meganifestação nacional pela retomada do poder” convocada pelas redes sociais bolsonaristas para a noite desta quarta-feira (11) fracassou em todo o país.

Os atos foram esvaziados e tornaram-se um fiasco pela falta de bolsonaristas.

Por exemplo, no Centro Cívico, em Curitiba, cerca de dez pessoas se reuniram na Praça Nossa Senhora de Salete, sob os olhares de um grande contingente policial mobilizado para proteger o Palácio Iguaçu e as sedes dos outros poderes.

O mesmo aconteceu em Porto Alegre, onde o ato bolsonarista marcado para o Parcão não atraiu público. No local e horário marcados não foi encontrada viva alma bolsonarista. Por outro lado, verificou-se a forte presença de viaturas da Brigada Militar.

Em Brasília, a mesma coisa. Havia dois atos sendo convocados pelos golpistas, um na Esplanada dos Ministérios e outro perto do Palácio do Buriti, sede do governo do DF.

Na Esplanada, só compareceu Dona Clarice Maia, professora aposentada, 73 anos, que deu uma explicação do fracasso curiosa para o Estadão: ‘o convite para a manifestação era fake’ da esquerda.

Em Copacabana, Rio de Janeiro, nenhum sinal de ato. Em Cuiabá, o mesmo vazio, só a presença da polícia.

O fracasso da suposta “megamanifestação” se deu após o governo federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) tomarem medidas de precaução para que a barbárie ocorrida no domingo (8), quando os bolsonaristas raivosos depredaram o STF, o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, não se repetisse.

O interventor no Distrito Federal, Ricardo Cappelli, determinou uma série de medidas e disse que “não há hipótese de se repetir na capital federal os fatos inaceitáveis que aconteceram no último dia 8”. “Todas as forças de segurança estarão mobilizadas em alerta máximo”, afirmou Cappelli logo pela manhã.

O governo fechou a Esplanada e Praça dos Três Poderes para carros. Apenas autoridades puderam transitar em veículos. Foi montada uma blitz do Detran para quem acessa a área próxima à praça nas avenidas laterais.

A segurança da capital federal foi reforçada, com barreiras e bloqueio no acesso à Esplanada dos Ministérios. A Força Nacional fez uma barreira em frente ao Palácio do Planalto.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, assinou a prorrogação, até o dia 19, do uso da Força Nacional na segurança de Brasília. Policiais de pelo menos oito Estados estão na capital para ajudar na proteção da democracia.

Por seu lado, o Supremo determinou que são ilegais qualquer tipo de tentativa de bloqueio de vias públicas ou rodovias, em todo o país, e que os agentes públicos devem atuar para impedir esse tipo de atentado.

“A escalada de atos violentos – sempre em desacato à Constituição e à autoridade do Supremo Tribunal Federal – atingiu um ponto intolerável”, afirmou o ministro Alexandre de Moraes.

A decisão fixou uma multa de R$ 20 mil para pessoas físicas e R$ 100 mil para pessoas jurídicas envolvidas em bloqueios.

A multa também seria aplicada para casos de invasão ou bloqueio de prédios públicos.

As autoridades públicas dos Estados e municípios deverão prender em flagrante quem tentar obstruir vias públicas, além de identificar os veículos utilizados nos atos e seus donos.

O Telegram, aplicativo de mensageria muito usado por bolsonaristas para organizar seus atentados, teve que bloquear os canais e perfis ligados à convocação de atos antidemocráticos.

“Essa organização criminosa, ostensivamente, atenta contra a Democracia e o Estado de Direito, especificamente contra o Poder Judiciário e em especial contra o Supremo Tribunal Federal, pleiteando a cassação de seus membros e o próprio fechamento da Corte Máxima do País, com o retorno da Ditadura e o afastamento da fiel observância da Constituição Federal da República”, disse Moraes na decisão tomada nesta quarta-feira (11).

Alexandre de Moraes tomou a decisão em um contexto de ataques terroristas e ameaças à democracia levados a cabo por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

No domingo (8), eles invadiram o Palácio do Planalto e os prédios do STF e do Congresso Nacional para vandalizar a estrutura, destruir arte e tentar um golpe de estado.

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), determinou que os atos antidemocráticos não poderão acontecer na cidade, em resposta à decisão do STF.

A determinação de Moraes deverá ir ao Plenário do STF na quinta-feira (12).

Os organizadores, financiadores e responsáveis pelo ataque terrorista do dia 8 de janeiro estão sendo investigados e presos.

O ministro do STF apontou que “a existência de uma organização criminosa” que prepara atos antidemocráticos há mais de dois meses em Brasília “é um forte indício da conivência e da aquiescência do Poder Público com os crimes cometidos”.

O STF já determinou a prisão do ex-secretário de Segurança Pública do DF, o ex-ministro de Bolsonaro Anderson Torres, e do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, Fábio Augusto Vieira.

Os dois desmobilizaram o esquema de segurança de Brasília para permitir a chegada dos terroristas à Praça dos Três Poderes.

Torres está nos Estados Unidos, onde pode ter se reunido com Jair Bolsonaro, enquanto Fábio Augusto já está preso.

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