Custo da cesta básica consumiu mais da metade do salário mínimo em 2022
O desastroso governo Bolsonaro atingiu em cheio as famílias de mais baixa renda que viram explodir os preços dos alimentos com a renda achada pelo recorde no trabalho precário, desemprego elevado e salários sem reajuste acima da inflação.
Ao divulgar o resultado da pesquisa mensal do custo da cesta básica nas 17 capitais pesquisadas, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que o ano encerra com a cesta de alimentos consumindo mais da metade do salário mínimo de R$ 1.212,00.
“Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em dezembro de 2022, 60,22% do rendimento para adquirir os mesmos produtos que, em novembro, demandavam 59,47%. Em dezembro de 2021, a média foi de 58,91%”, aponta o Dieese.
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O ano e o mandato de Jair Bolsonaro se encerraram com a cesta básica custando mais de R$ 700 em boa parte do Brasil. O maior custo continuou sendo em São Paulo (R$ 791,29), depois em Florianópolis (R$ 769,19) e Porto Alegre (R$ 765,63). No Rio de Janeiro, a cesta custava R$ 752,74; em Campo Grande, R$ 744,21; e em Vitória e Brasília, R$ 728,78.
Entre as cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente das outras capitais, Aracaju (R$ 521,05), João Pessoa (R$ 561,84) e Recife (R$ 565,09) registraram os menores valores.
Neste cenário de carestia, o Dieese calcula – seguindo como base o valor da cesta mais cara (São Paulo) – que, levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o valor necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 6.647,63, ou 5,48 vezes o mínimo atual.
Em 2022, segundo a entidade, que monitora mensalmente os preços nas principais capitais do país, 14 das 17 capitais tiveram aumento acumulado superior a dois dígitos. A maior alta para o conjunto de alimentos básicos foi em Goiânia, de 17,89% em 2022 na comparação com o ano anterior. Em seguida, apareceram Brasília (17,25%), Campo Grande (16,03%) e Belo Horizonte (15,06%). (Veja tabela acima)
Oito dos 13 produtos da cesta básica apresentaram alta de preço entre dezembro de 2021 e o mesmo mês de 2022, em todas as capitais: leite integral, pão francês, café em pó, banana e manteiga, farinha de trigo e batata – ambas pesquisadas nas regiões
Centro-Sul – e farinha de mandioca, no Norte e no Nordeste. Já o óleo de soja subiu em 16 cidades e o arroz em 15.
“Os aumentos de preços, em geral acima da média da inflação, obrigaram as famílias brasileiras, por mais um ano, a substituir alimentos habitualmente consumidos por outros mais baratos ou similares. A ausência de políticas – de estoques reguladores, de subsídios aos preços dos produtos ou mesmo a falta de investimento em agricultura familiar – fez com que a trajetória dos preços continuasse em alta”, destaca o Dieese.
Conforme anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o salário mínimo fixado por Bolsonaro em R$ 1.302 a partir de 1º de janeiro deste ano passará a ser de R$ 1.320, o primeiro aumento acima da inflação em quatro anos.
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