Central denuncia repressão que já matou 28 manifestantes e exige renúncia da presidente Dina Boluarte (Reprodução)

A Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru lançou um manifesto sexta-feira (6) repudiando a repressão realizada pelo governo de Dina Boluarte contra os manifestantes que exigem sua renúncia da Presidência da República, a demissão da mesa Diretora do Congresso e a convocação de uma Assembleia Constituinte. No documento, a principal entidade peruana condenou a perseguição judicial movida contra José Luis Chapa Díaz, membro do seu Conselho Nacional e secretário-geral da Federação de Trabalhadores do Departamento [Estado] de Arequipa (FDTA), bem como a outros dirigentes.

“Como nos tempos da ditadura corrupta e criminosa de Alberto Fujimori e Vladimiro Montesinos (1990-2000), o regime de Dina Boluarte replica as nefastas práticas de repressão indiscriminada utilizando a Polícia Nacional, as Forças Armadas, a perseguição judicial através do Ministério Público e do Poder Judicial, como vem ocorrendo em Arequipa, desta vez contra José Luis Chapa Díaz e outras lideranças sociais a quem expressamos nossa solidariedade e total respaldo”, assinalou a central.

De forma enfática, a CGTP denunciou o “monitoramento” que vem sendo feito à residência de Chapa Díaz e alerta “sobre o risco que esta perseguição implica para a sua segurança e de sua família, pelo que responsabilizamos o regime de Dina Boluarte sobre o que possa vir a ocorrer a eles”. Diante dos riscos iminentes, a entidade solicita aos organismos nacionais e internacionais que promovem e defendem os Direitos Humanos a assegurar os direitos do povo peruano em luta.

Ao mesmo tempo, a central saudou o esforço do conjunto de suas bases sindicais e a sociedade civil à resistência na empreitada em defesa da democracia e da soberania, e convoca a todos para a realização de uma grande Paralisação Nacional, Cívica e Popular para pôr fim de vez ao descalabro político, econômico e social em curso.

“A classe trabalhadora continuará enfrentando a este governo tirano que já assassinou 28 cidadãos por exercerem seu direito ao protesto social”, reitera a CGTP, frisando que trabalhadores, estudantes, camponeses, povos amazônicos, donas de casa e intelectuais estão se somando unitariamente “pela construção de um Peru novo, dentro de um mundo novo”.

Em artigo publicado na página da Central, no último sábado (7), os integrantes da atual ditadura foram descritos pelo advogado Juan Jose Coveñas Benites como representantes “dos interesses do imperialismo ianque, da oligarquia bancária e financeira, dos grandes empresários e mineradoras e dos grandes empresários”.

“Os objetivos desse setor da sociedade são entregar as riquezas naturais às grandes corporações transnacionais, continuar abrindo o mercado nacional à importação estrangeira de produtos industriais, impedir o desenvolvimento da indústria nacional, impedir o desenvolvimento de uma classe trabalhadora industrial, continuar com a dependência alimentar, impedir o desenvolvimento de uma agricultura nacional que garanta a nossa soberania alimentar, garantir a consolidação das grandes empresas agroexportadoras e eliminar, com o tempo, os pequenos produtores agrícolas”, apontou.

Em conclusão, explicou, “uma ditadura militar apoiada pelas forças econômicas e políticas da extrema-direita, do fascismo, assumiu o poder do Estado”. “Dina Boluarte e seu gabinete não governam, executam o mandato das forças econômicas e políticas que constituem o verdadeiro poder e serão expulsos da pior forma quando se sentirem consolidados. Seu objetivo é manter esse poder indefinidamente”, alertou Coveñas Benites, para quem, se depender deles, “só convocarão eleições nacionais se estiverem convencidos de que as manterão”.

Papiro (BL)