Sindicalista ao lado de faixa contra o ataque do governo Macron aos aposentados (Damien Meyer/AFP)

O governo da França anunciou, na terça-feira (10), um ataque aos direitos previdenciários franceses, que denominou de “reforma previdenciária’. O item mais contestado deste ataque é a extensão da idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos.

Em resposta à agressão aos que se aposentam e que o presidente Macron chama de “mãe de todas as reformas”, os sindicatos anunciam uma mobilização intitulada por estes de “mãe de todas as batalhas”.

Como primeiro passo dessa jornada de lutas, as centrais sindicais convocaram uma greve geral em 19 de janeiro. O anúncio do enfrentamento ao golpe de Macron contra os trabalhadores foi feito pelo secretário-geral da Confederação Democrática Francesa do Trabalho (CFDT), Laurent Berger.

“Não concordamos com as mudanças propostas. Nesse sentido, convocamos todos os franceses a entrar em greve geral em 19 de janeiro”, enfatizou o dirigente.

Uma ampla gama da sociedade organizada incluindo partidos de esquerda, ambientalistas e até de direita se uniram em oposição à reforma que pretende que os trabalhadores deverão contribuir por 43 anos, em comparação com os atuais 41, se quiserem ter direito a uma pensão completa.

79% NÃO ACEITAM ESSA REFORMA

79% dos franceses (pesquisa IPSOS) se opõem à mudança da atual idade mínima de aposentadoria (62 anos) e os sindicatos planejam protestos em todo o país que, além da greve, incluem manifestações, panfletagens e amplas reuniões, que começarão na próxima semana e anunciam que serão apenas “o começo” das medidas de protesto.

“Nada justifica uma reforma tão brutal”, afirmou Laurent Berger, líder da Confederação Francesa de Trabalhadores (CFDT), ao comparecer à imprensa junto com outros líderes sindicais. O objetivo será, nas palavras de Berger, que essa reforma “não entre em vigor porque é injusta para com os trabalhadores mais precários”. Que o “governo recue”, exige o líder sindical.

Frédéric Souillot, líder da central Force Ouvrière, alertou o governo no início desta semana que os sindicatos estavam dispostos a paralisar a economia do país para impedir a lei previdenciária.

“Se para Emmanuel Macron esta é a mãe de todas as reformas, para nós é a mãe de todas as batalhas”, advertiu.

Para o líder de esquerda, Jean-Luc Mélenchon, a proposta é uma “grave regressão social”, enquanto Marine Le Pen a chamou de “injusta” e disse que os franceses podem contar com a “total determinação” de seu partido de direita para trancá-la. Fica assim formada uma ampla frente contra esse atentado à previdência.

A aposta em 2023 ocorre em um momento difícil para a economia francesa, à medida que ela sofre o aumento dos preços da energia e a inflação pesa sobre as famílias e empresas, produto da política subserviente de adesão às medidas de sanção contra a Rússia imposta pelos Estados Unidos à União Europeia que, comprovadamente, se revertem contra eles mesmos.

Macron já havia retirado uma proposta de reforma da Previdência em 2020 após meses de manifestações e greves. Na época, ele citou a pandemia de Covid como o motivo. Agora insiste e deve enfrentar uma reação ainda maior, segundo observadores.

O governo planeja enviar o projeto de lei ao Parlamento em fevereiro e pode precisar usar uma medida constitucional especial para contornar uma votação se não conseguir convencer alguns parlamentares da oposição a apoiar a proposta.

Papiro (BL)