Imprensa questiona Biden por documentos sigilosos espalhados em suas propriedades (Vídeo)

Parece que nos EUA é moda ex-presidentes e ex-vices levarem para casa documentos oficiais confidenciais e, assim, cinco meses após Donald Trump ter a mansão vasculhada pelo FBI, em menos de uma semana advogados do atual presidente Joe Biden, ex-vice de Obama, anunciaram ter encontrado em dois endereços do inquilino da Casa Branca papeis sigilosos e que lá não deveriam estar.

O que levou o denunciante do grampo em massa da NSA de líderes e cidadãos do mundo, o ex-agente Edward Snowden, a ironizar, no Twitter, que o presidente dos EUA parecia ter “fugido com mais documentos confidenciais do que muitos denunciantes”, citando o caso da tradutora da NSA, Reality Winner, condenada a cinco anos em uma prisão federal em 2018 por vazar para The Intercept um único relatório classificado sobre o Russiagate, a suposta e até hoje não provada ‘interferência russa’ nas eleições de 2016.

Enquanto isso – enfatizou Snowden – “Biden, Trump, Clinton, Petraeus … esses caras têm dezenas, centenas [de documentos]. Sem prisão.”

O próprio Biden se declarou muito “surpreso” na segunda-feira (10) ao ser informado sobre o primeiro lote de registros achado em seu escritório particular, relacionados à Ucrânia, Irã e Reino Unido, conforme a mídia dos EUA. “Não sei o que há nos documentos”, asseverou o presidente a repórteres durante sua viagem ao México. Pressionada contra a parede por jornalistas, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, se recusou a responder à pergunta se Biden poderia ter pegado outra coisa.

Snowden continuou dizendo que “o verdadeiro escândalo não é que Biden tenha documentos confidenciais saindo de suas meias, porque, infelizmente, todos eles estão fazendo isso. O escândalo é que o Departamento de Justiça descobriu isso uma semana antes das eleições de meio de mandato e optou por suprimir a história, conferindo uma vantagem partidária”.

Nesta quinta-feira, espelhando a repercussão que a questão está provocando, o procurador-geral norte-americano (que corresponde a ministro da Justiça), Merrick Garland, nomeou um conselheiro especial para investigar o caso dos documentos confidenciais indevidamente em posse de Biden, o procurador Robert Hur.

Ele substitui o principal promotor do Departamento de Justiça em Chicago, John Lausch, anteriormente designado para investigar o assunto e que recomendou a Garland na semana passada que fosse nomeado um conselheiro especial.

Conforme a Associated Press, Garland disse que os advogados de Biden informaram o Departamento de Justiça na manhã de quinta-feira sobre a descoberta de um documento confidencial na casa de Biden, depois que agentes do FBI recuperaram pela primeira vez outros documentos da garagem em dezembro. Na segunda-feira fora tornado público que documentos confidenciais foram encontrados no escritório de seu antigo instituto em Washington.

A descoberta, pelos advogados de Biden, da posse irregular de documentos confidenciais coincide com a passagem da direção da Câmara de deputados à oposição republicana, manifestadamente pronta para “investigar” o presidente e seu filho Hunter – este, o dono do “laptop do inferno” e indicado para uma sinecura numa empresa de gás ucraniana logo após o golpe CIA-nazis em Kiev de 2014.

A nomeação de um conselheiro-especial para investigar o desvio de documentos confidenciais, a exemplo do que havia sido feito em relação a acusação análoga contra o ex-presidente Trump, vinha sendo exigida pela bancada republicana no Senado, que denunciava que “não pode haver uma regra para os republicanos e uma regra diferente para os democratas”. Na batida em Mar-a-Lago, na Flórida, O FBI apreendeu 13 mil documentos oficiais, sendo 103 “secretos” e 18 “ultra-secretos”.

UCRÂNIA

Por sua vez, o ex-presidente Trump aproveitou o enrosco para posar de vítima em sua rede social: “quando o FBI vai invadir as muitas casas de Joe Biden, talvez até a Casa Branca? Esses documentos definitivamente não foram desclassificados”. Na batida em Mar-a-Lago, na Flórida, O FBI apreendeu 13 mil documentos oficiais, sendo 103 “secretos” e 18 “ultra-secretos”.

Para o apresentador da Fox News, Tucker Carlson, o buraco é mais embaixo. “Biden teve informações privilegiadas sobre vários países, incluindo a Ucrânia, desde sua gestão como vice-presidente. Mas por que, tudo sempre se resume à Ucrânia? O que está acontecendo na Ucrânia? Por que sua obsessão pela Ucrânia começou muito antes do conflito? Por que o presidente dos Estados Unidos, o país mais rico do mundo, gasta tanto tempo com o país mais pobre da Europa? O que está acontecendo?”

Papiro (BL)