Presidente russo defende respeito aos direitos e à soberania nas relações entre os países. (Thibault Camus/Pool via Reuters)

“Durante vários anos, o Ocidente fomentou o genocídio e o terror no Donbass, transformou de fato a Ucrânia em uma colônia e agora usa cinicamente seu povo como bucha de canhão, como um aríete contra a Rússia, continua a lhe fornecer armas e munições, enviando mercenários, empurrando-a para um caminho suicida”, assinalou o presidente Vladimir Putin em mensagem de vídeo aos ministros de Defesa da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) e da Comunidade de Estados Independentes (CEI), reunidos em Moscou, na sexta-feira (9).

“O potencial de conflitos no mundo está aumentando como consequência das tentativas de algumas elites ocidentais de preservar seu domínio político, econômico, financeiro, militar e ideológico por todos os meios”, sublinhou Putin.

“Eles assumem deliberadamente a multiplicação do caos e a escalada da situação internacional. Os EUA e seus satélites apostam no fator força. Na verdade, eles destruíram a arquitetura de estabilidade estratégica que vem tomando forma por décadas e estão expandindo agressivamente a geografia da expansão da OTAN”, alertou Putin.

No encontro da OCX, organização política, econômica e militar da Eurásia, fundada em 2001 em Xangai pelos líderes da China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão, com a CEI que nucleia 10 repúblicas que faziam parte da extinta União Soviética (Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Federação Russa, Quirguistão, Moldávia, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão), o presidente russo acusou o Ocidente de “bloquear qualquer modelo alternativo de desenvolvimento” com sanções ilegais, revoluções coloridas, conflitos armados e provocações flagrantes em todo o mundo

MUDANÇAS NA ORDEM MUNDIAL

O presidente russo qualificou como muito oportuna a reunião, afirmando que “o trabalho conjunto da OCX e da CEI permite, com base no respeito mútuo e na consideração dos interesses de cada um, abordar com sucesso os mais diversos temas, principalmente os relacionados com a proteção contra ameaças externas e a garantia de estabilidade global e regional”.

“Atualmente é especialmente importante porque novos desafios urgentes surgiram e fortes mudanças geopolíticas estão ocorrendo. Diante de nós, delineiam-se os quadros de uma ordem mundial verdadeiramente multipolar: surgem novos pólos de desenvolvimento na Ásia, África e América Latina, que defendem mais ativamente os seus interesses nacionais, a sua soberania e o direito ao seu próprio caminho de desenvolvimento. É impossível se opor a estes processos objetivos da história”, constatou.

“Estou convencido de que a natureza e a magnitude das ameaças atuais impõem maiores exigências à nossa cooperação em matéria de defesa. É necessário trabalhar em conjunto para desenvolver um sistema de segurança e cooperação mais flexível e sustentável, que responda aos desafios atuais e que possa ser fundamentado não em regras míticas não escritas que ninguém viu, nem no domínio e monopólio de alguém, mas apenas no direito internacional e no respeito pelos interesses dos outros”, defendeu.

Papiro

(BL)