Bolívia quer “reconstruir com Lula a parceria paralisada” por Bolsonaro
“Há muita esperança em reconstruir com Lula nossa agenda bilateral com o Brasil, que há quatro anos está paralisada, na qual quase nada foi avançado”, afirmou o vice-ministro de Relações Exteriores da Bolívia, Freddy Mamani, em entrevista na TV nesta quarta-feira (28), condenando o completo desprezo dado por Jair Bolsonaro à integração latino-americana.
De acordo com o diplomata boliviano, “agora, com as aproximações, com as reuniões preliminares e a oficialização da reunião que o presidente Luis Arce realizará, vários aspectos serão levados em consideração”, proporcionando inúmeros avanços para o desenvolvimento de ambos os países.
Entre os temas a serem abordados, Mamani citou comércio, cooperação, meio ambiente, água potável e saneamento, segurança fronteiriça e combate ao narcotráfico.
Para a América Latina e o Caribe, especialmente para os países da América do Sul e, particularmente para a Bolívia, há expectativa no novo governo Lula de que se avancem os temas da agenda regional, no marco do processo de integração, destacou o vice-ministro boliviano.
Em relação ao desenvolvimento do mercado interno, defendeu Mamani, “a questão da integração ferroviária e rodoviária é muito importante, justamente para exportar os produtos, tanto pelo Atlântico quanto pelo Pacífico, e penso que vamos dividir isso com o Brasil, a integração da infraestrutura”.
Quanto ao “cuidado com a Mãe Terra”, o diplomata assinalou que a Bolívia pretende firmar acordos em benefício da Amazônia, “compartilhada com o Estado brasileiro, além dos recursos hídricos transfronteiriços, nos quais o país vizinho tem vasta experiência”.
Com o modelo socioeconômico da comunidade produtiva restabelecido desde novembro de 2020 – após o fracassado golpe de Jeanine Áñez, apoiado por Bolsonaro -, o governo boliviano vem obtendo indicadores cada vez mais positivos, “tanto do ponto de vista social como econômico”.
“O nosso modelo prioriza o subsídio e o abastecimento do mercado interno. Nesta área é que promovemos o investimento público, a produção de alimentos e que estes cheguem diretamente às famílias, para depois pensarmos na exportação do excedente. Isso explica a estabilidade de preços nesses anos”, explicou o ministro da Economia e Finanças Públicas, Marcelo Montenegro.
ARCE NA POSSE
No próximo domingo (1º de janeiro), quando Lula será empossado como novo presidente, Luis Arce estará entre os chefes de Estado presentes, trazendo na bagagem seu plano, que tem entre as suas prioridades a “integração complementar entre os povos e a soberania comunitária sem servilismo ao capital financeiro”.
Fazendo um contraponto com os entreguistas e privatistas que desprezam o compromisso com o que é público, Arce é objetivo. “O neoliberal não tem alma, não tem corpo, não tem essência de sociedade, enquanto nós, em nosso modelo, incorporamos valores tradicionais de nossa nação, com destaque para a solidariedade. Outro aspecto do nosso programa é o de resolver os problemas da comunidade, não de um grupo, não apenas de alguns”, enfatizou.
Papiro
(BL)