Zakharova, porta-voz da Chancelaria russa, denuncia “leis” de Kiev que impõem segregação (MRE da Rússia)

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia acusou na última segunda-feira (26) o governo ucraniano de tentar resgatar, via parlamento, o sistema de opressão e marginalização sobrea minorias étnicas imposto durante o regime nazista. “É exatamente assim que se parece a segregação e as manifestações evidentes do nazismo, que na Ucrânia eles tentam consagrar no nível legislativo”, declarou a porta-voz do ministério, Maria Zakharova.

Conforme a diplomata, “praticamente todos os direitos e liberdades dos de etnia russa estão sendo restringidos”. Entre eles, esclareceu, estão “os direitos de reunião pacífica, obtenção de financiamento, criação de órgãos consultivos nas administrações locais e participação em atividades internacionais”.

Comprovando o nível da paranoia vigente, recentemente o prefeito da segunda maior cidade ucraniana foi multado pelo simples fato de falar russo. De acordo com Kiev, o prefeito Igor Terekhov usou uma linguagem “não estatal” em um discurso oficial na televisão

GOVERNO ROMENO PROTESTA

A nova lei da Ucrânia sobre minorias nacionais não levou em conta as necessidades da comunidade romena, protestou o Ministério das Relações Exteriores do país, acrescentando que a posição de Kiev sobre o assunto é simplesmente inaceitável. “É lamentável que a lei tenha sido adotada sem uma nova consulta à Comissão de Veneza”, um órgão consultivo do Conselho da Europa, composto por especialistas independentes em direito constitucional.

O comunicado da Romênia esclareceu que, embora a Comissão Europeia tenha recomendado que a Ucrânia receba o status de candidato à UE, também insistiu que Kiev deveria reformar a legislação “sobre os direitos das pessoas pertencentes a minorias nacionais”, que vem sendo desrespeitados. “Também é lamentável que a lei tenha sido adotada sem uma consulta adequada aos representantes da comunidade romena na Ucrânia, conforme solicitado pelo lado romeno”, disse o ministério.

Na avaliação do governo romeno, a “aceleração intempestiva do processo legislativo neste campo afetou significativamente” o diálogo com os representantes das minorias nacionais. A Romênia reprovou em particular a redação da lei sobre o uso da linguagem na educação e na esfera oficial.

Apertando o torniquete, para tudo o que considera “popularização e propaganda” da Rússia, a lei proposta pelo governo ucraniano impede todas as informações que – na sua vassalagem a Washington – “promovam uma imagem positiva” de Moscou.

A nova legislação oficializará uma prática vergonhosa que já vem sendo implantada desde o início do conflito militar, em fevereiro, quando a Ucrânia decidiu tornar-se o 51º Estado norte-americano – como ironizou a deputada Marjorie Taylor (Republicana, Geórgia) – e aderir a uma aventura belicista contra a Rússia, com apoio de países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Um dos exemplos mais vexaminosos foi a recente retirada da estátua de um dos pais da dramaturgia moderna, Máximo Gorky, do centro da cidade de Dnipro, ou ainda a mudança de nome da rua Tolstói – um dos maiores escritores de todos os tempos, autor de clássicos como “Guerra e Paz” e “Anna Karenina” -, uma das mais importantes da cidade de Vinnytsia, no Oeste da Ucrânia, para rua Stepan Bandera.

Dirigente da Organização dos Nacionalistas Ucranianos, Bandera foi um abnegado colaborador dos nazistas que invadiram a União Soviética. Bandera perpetrou ataques terroristas na Ucrânia, Polônia, Romênia e outros países do Leste Europeu, entre 1933 e 1959 – quando veio a falecer.

Vale lembrar que desde o assassinato, perseguição e prisão de opositores, o governo de Volodymyr Zelensky tem se engajado numa campanha maciça para reforçar a imposição da língua ucraniana, enquanto discrimina abertamente o russo, falado por uma parcela expressiva da população. Ao mesmo tempo, marginaliza as línguas de outras minorias nacionais, o que tem levado a um crescente rechaço popular.

Papiro

(BL)