Ministro mandou investigar institutos de pesquisa a pedido de presidente do PL
Numa espécie de “dobradinha golpista”, o atual ministro da Justiça, Anderson Torres ordenou que a Polícia Federal investigasse institutos de pesquisas eleitorais, tendo como base uma representação assinada por nada mais, nada menos do que o presidente do PL, partido de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, numa possível indicação de uso da máquina pública durante a campanha eleitoral pelo presidente da República.
Segundo reportagem do UOL, que obteve os documentos usando a Lei de Acesso à Informação (LAI), dois dias após o primeiro turno, Torres encaminhou o caso para a PF alegando existir m “histórico de erros absurdos” por parte dos institutos que estaria influenciando no resultado eleitoral.
No entanto, na representação feita pelo ministro constava apenas uma planilha na qual eram comparados resultados obtidos por pesquisas e aquele advindo das urnas. Mas, convenientemente, apontou apenas os institutos que colocavam Lula à frente (Ipec, DataFolha, Ipespe, Quaest, Atlas, PoderData, Ideia, MDA e Paraná Pesquisas), deixando de lado por exemplo o Brasmarket, que dava vantagem a Bolsonaro, cenário que não se confirmou nas urnas. Além disso, incluiu também pesquisas estaduais que, segundo o ministro, teriam falhado, entre os quais São Paulo e Rio de Janeiro.
Torres disse, ainda, sem apresentar provas, que “não é de hoje” que se discute “erros crassos e em série” cometidos por “alguns institutos de pesquisa”.
De acordo com o UOL, especialistas em direito penal ouvidos pelo portal, bem como integrantes do Ministério Público Federal e da PGR consultados reservadamente, consideraram como “atípica a conduta de Torres e possível ‘dobradinha’ de Valdemar com o ministro”.
O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, determinou a suspensão das investigações apontando a ausência de justa causa e de competência da PF para conduzir o caso.