Bolsonaro gastou R$ 800 bilhões fora do teto e fradou Orçamento, diz GT
Ao longo de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) “eliminou a visão de longo prazo do País”. A opinião é do deputado federal Enio Verri (PT-PR), que integrou o grupo temático (GT) Planejamento, Orçamento e Gestão no Gabinete de Transição. O relatório final do GT foi apresentado nesta terça-feira (13).
Em entrevista à CartaCapital, Verri aponta uma herança sombria que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vai receber do atual governo. Segundo o GT, a gestão Bolsonaro gastou cerca de R$ 800 bilhões fora do teto de gasto e deixou um rombo orçamentário.
O GT avaliou que Bolsonaro errou ao fundir pastas importantes num superministério único, o da Economia, entregue a Paulo Guedes. Uma das recomendações do grupo é justamente desmembrar a Economia em três ministérios: Planejamento, Orçamento e Gestão; Fazenda; e Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
“Ele (Bolsonaro) pegou um ministério que é para construir política industrial e um que arrecada e, ao colocar o Planejamento, eliminou a visão de longo prazo do País. Transformou tudo em um grande ministério de curtíssimo prazo, sem nenhuma visão de futuro”, resumiu o deputado.
Para Verri, a peça orçamentária apresentada em agosto por Bolsonaro, prevendo o que será o Orçamento da União para 2023, “é uma grande fraude”. Para o Bolsa Família, por exemplo, em vez de uma estimativa de R$ 600 por beneficiário – conforme promessa do próprio Bolsonaro em campanha –, a previsão era de apenas R$ 405. Tampouco a peça traz recursos suficientes para as compras do Farmácia Popular e as contratações do Minha Casa, Minha Vida.
De acordo com Verri, o atual presidente da República “estourou qualquer capacidade de investimento do Estado. A culpa maior é a política do teto de gastos, mas também a incompetência do Paulo Guedes, ministro voltado aos interesses só da banca, e também a incompetência do Bolsonaro como gestor”.
Como o presidente tentou “destruir tudo o que estava construído”, o parlamentar defende a definição de um ministério para não apenas cuidar do dia – mas também “olhar o Brasil daqui a 20 anos, para que a gente possa ter política de investimentos em todas as áreas e recuperar uma coisa que é histórica desde a ditadura: o papel de investimento do Estado. Isso mesmo na ditadura se manteve, mas o governo Bolsonaro destruiu”.