Rússia denunciou a presença de 46 laboratórios biológicos geridos pelos EUA na Ucrânia (twitter)

A China voltou a reafirmar ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sua mais veemente oposição à pesquisa, desenvolvimento, armazenamento ou uso de armas biológicas por qualquer país, sob qualquer circunstância.

Ao abordar a questão da biossegurança na Ucrânia na quinta-feira (27), o vice-representante permanente da República Popular da China na ONU, embaixador Geng Shuang, deixou claro que esta é uma questão chave para a pacificação e a harmonia da Humanidade.

Reiterando o compromisso chinês com a vida, o embaixador Geng Shuang conclamou a todos os Estados que firmam a Convenção sobre Armas Biológicas (BWC, sigla em inglês) abrigada na ONU, que observem e respeitem seus objetivos e princípios, para o bem coletivo.

As denúncias divulgadas pela Rússia sobre as atividades militares biológicas dos EUA na Ucrânia precisam de uma resposta contundente, declarou Geng, para quem é imprescindível que sejam adotadas atitudes responsáveis no cumprimento das obrigações quanto à BWC.

Tanto a Rússia quanto a Ucrânia integram a Convenção de Armas Biológicas, de 1972, que proíbe o desenvolvimento, produção, aquisição, transferência, armazenamento e uso de armas biológicas e tóxicas.

Lamentando que a reunião consultiva formal realizada em setembro não tenha respondido aos questionamentos levantados por Moscou, Geng propôs que a comunidade internacional invoque o artigo VI da BWC – que dá poderes ao Conselho de Segurança da ONU para investigar violações à Convenção – a fim de facilitar o estabelecimento do mecanismo de verificação como meio de garantir sua autoridade e eficácia.

A autoridade chinesa também manifestou esperança de que a próxima nona Conferência de Revisão do BWC sirva para fortalecer o mecanismo de construção de confiança, retornar as negociações sobre o protocolo – que entrou em colapso há duas décadas – estabelecer um mecanismo de revisão multilateral a fim de aumentar a biossegurança global.

AÇÕES BIOLÓGICO-MILITARES DOS EUA NA UCRÂNIA

Recentemente, em declaração conjunta, China, Rússia, Bielorrússia, Venezuela, Nicarágua, Cuba, Síria e Zimbábue instaram a Organização das Nações Unidas (ONU) a recorrer ao mecanismo estipulado no artigo 6 da Convenção sobre Armas Biológicas e Tóxicas (CABT) para investigar as atividades biológico-militares dos EUA na Ucrânia.

“Ainda estão pendentes questões relativas às atividades biológico-militares dos EUA, no contexto da operação de biolaboratórios em território ucraniano”, disse o vice-chefe da delegação russa, Konstantin Vorontsov, ressaltando que Washington não deu uma resposta detalhada que possa “dissipar dúvidas” e “resolver a situação”.

Pela solicitação do diplomata, os Estados Unidos seriam obrigados a cooperar com qualquer investigação iniciada neste sentido pelo Conselho de Segurança da ONU. Caso Washington não tenha nada a esconder, deve dar a conhecer uma explicação compreensível, acrescentaram especialistas chineses.

Desde março, o Ministério da Defesa russo tem informado que os Estados Unidos vem desenvolvendo um programa de pesquisa biológica em que gasta mais de US$ 200 milhões em 46 biolaboratórios localizados em solo ucraniano e integrados ao plano militar biológico norte-americano.

De acordo com o Alto Comissáiro da ONU para Assuntos de Desarmamento, Adedeji Ebo, foi apresentada uma queixa formal sobre um programa de armas biológicas na Ucrânia, tendo sido informado que não havia sido vista qualquer evidência e que “este continua sendo o caso hoje”.

Mesmo diante desse conjunto de denúncias e determinações da própria BWC, o comissário Ebo preferiu lavar as mãos: “Gostaria também de observar que as Nações Unidas não têm mandato nem capacidade técnica ou operacional para investigar essas informações”.

Papiro

(BL)