China completa construção da sua estação espacial Tiangong
A China completou com êxito a construção de sua estação espacial Tiangong na quinta-feira (3), com os astronautas entrando no recém-acoplado módulo de laboratório Mengtian, após manobra em órbita de 1 hora se posicionar junto à porta lateral para constituir a estrutura básica em T.
“O sonho de Tiangong (Palácio Celestial) se tornou realidade. A tripulação do Shenzhou-14 entrou com sucesso no módulo de laboratório Mengtian”, anunciou, em transmissão ao vivo, o comandante da missão Shenzhou-14 Chen Dong, seguido por seus companheiros Liu Yang e Cai Xuzhe.
A Tiangong, com 60 toneladas de peso, inclui o módulo central Tianhe e os módulos de laboratório Mengtian e Wentian nas laterais. Com a espaçonave de carga Tianzhou e a espaçonave tripulada Shenzhou acopladas, vai a 90 toneladas.
“Nossa casa espacial agora se tornou mais espaçosa”, acrescentou Chen. Por sua vez, Liu enfatizou que a “Estação Espacial da China é a casa espacial comum para a humanidade”, enquanto Cai convocou a “embarcar em uma nova jornada espacial juntos”.
Assim, a China se torna o terceiro país, depois da Rússia/União Soviética e dos Estados Unidos, a construir uma estação espacial, o que representa um enorme salto no domínio tecnológico, bastando lembrar que a China ficou de fora da Estação Espacial Internacional (ISS) por veto dos EUA, que alegava que Pequim não tinha tecnologia espacial. Comportamento análogo ao que Washington usa agora na tentativa de impedir que a China domine a tecnologia dos microchips.
GIGANTESCO SALTO
Ao longo de duas décadas, um salto gigantesco. A China colocou um homem em órbita em 2003, e o seu programa espacial tripulado não parou desde então. Em 2019, se tornou o primeiro país a pousar uma espaçonave no outro lado da Lua.
No ano passado, alcançou os EUA na exploração de Marte, ao enviar sua primeira nave ao planeta vermelho e lograr pousar, de primeira, um veículo robótico, superando os “oito minutos” do terror, o tempo em que a nave fica sem contato com a Terra, por causa da distância e do limite estabelecido pela velocidade da luz, tendo todas as manobras que serem feitas automaticamente.
Também em 2021 trouxe rochas lunares de volta à Terra pela primeira vez desde os anos 1970. A China também está planejando, com a Rússia, estabelecer uma base tripulada na Lua, aberta aos demais países.
A partir de agora, serão realizados testes e trabalhos de avaliação das funções básicas da Estação Espacial da China, disse a CMSA em comunicado. Painéis solares gigantes instalados nas extremidades dos dois módulos de laboratório, que ficam voltados para o Sol, independentemente da atitude de voo da estação espacial, propiciam a geração de energia necessária para abastecer a Tiangong. Os dois pares de painéis solares nos módulos Wentian e Mengtian poderiam gerar juntos quase 1.000 quilowatts-hora de eletricidade por dia, equivalente ao consumo de meio ano de uma família.
A tripulação do Shenzhou-14, que está há cinco meses no espaço, realizou duas caminhadas espaciais, realizou uma sessão de palestras na Tiangong Classroom e recebeu dois dos três módulos da estação espacial no espaço. De acordo com a agência espacial chinesa, a tripulação do Shenzhou-14 será visitada pela espaçonave de carga Tianzhou-5 e pela espaçonave tripulada Shenzhou-15.
ABERTA À COOPERAÇÃO
Como assinalou ao jornal Global Times o observador espacial e comentarista de TV, Wei Dongxu, a estação espacial Tiangong impulsionará uma cooperação espacial aprofundada da China: “astronautas de países amigos, no futuro, participarão diretamente de missões a bordo e nossos resultados de experimentos científicos espaciais serão também compartilhado com o resto do mundo”.
De acordo com a televisão chinesa, o terceiro contingente de astronautas – taikonautas, como os chineses os chamam -, que inclui 17 homens e uma mulher, deve começar a executar missões na estação espacial a partir de 2023. O contingente tem sete pilotos espaciais, sete engenheiros de voo e quatro especialistas em carga útil.
A China já iniciou o processo de seleção do quarto contingente de taikonautas, divulgou a CMSA no início de outubro, que irá escolher de 12 a 14 candidatos. Pela primeira vez, estão abertas inscrições a candidatos das regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau.
Papiro
(BL)