Trabalhadores uruguaios repudiam cortes e exigem pensões dignas
Carregando faixas com mensagens como “Chega de esmola”, “Aposentadoria decente agora”, “Quase três anos de governo e nem um único lar para aposentados” e “Continuidade do Sistema de Assistência Pública”, milhares de pessoas convocadas pela Organização Nacional de Associações de Aposentados e Pensionistas do Uruguai (ONAJPU) saíram às ruas de Montevidéu, na quinta-feira (10), exigindo aumento nos benefícios e rejeitando a ausência do Estado.
“A ONAJPU manifestou-se pela vida porque aposentados e pensionistas, idosos, temos a qualidade de vida deteriorada com a perda do poder aquisitivo e a de outros direitos que estão caindo no esquecimento”, assinalou Estela Ovelar, presidente da entidade.
Sobre a falta de políticas públicas voltadas para os idosos, Estela explicou que os aposentados hoje, quando vão buscar remédios “têm que escolher qual tomar porque o dinheiro não dá. Não podemos chegar ao final do mês com uma pensão de 15.760 pesos (R$ 2.080). As pessoas estão passando por necessidades. Através de nossas organizações afiliadas viajamos por todo o país e há um grande número de aposentados que, realmente, não estão conseguindo satisfazer suas necessidades básicas, nossos aposentados e pensionistas que ganham o mínimo não estão conseguindo comer”.
A Plenária Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT), central sindical única do país, confirmou que no Uruguai “há fome, há desemprego, há perda salarial, há perda de qualidade de vida”.
O presidente do PIT-CNT, Marcelo Abdala, afirmou que “o governo parece não ter uma visão abrangente das necessidades do nosso povo e, por desconhecimento, não só reduz e não respeita os nossos direitos, como também nos ataca”.
A esse respeito, denunciou o projeto de reforma da Lei da Segurança Social, enviado na semana anterior pelo presidente Luis Lacalle Pou ao Parlamento, registrando que aumenta a idade mínima de aposentadoria para vastos sectores laborais e diminui as pensões.
Enrique Méndez, chefe de Organização do PIT-CNT, destacou que “os setores mais vulneráveis do país vêm sofrendo um tremendo ajuste; estamos diante de uma diminuição do papel do Estado e de cortes de orçamento na habitação, saúde, educação, entre outras áreas sensíveis para a população. Pretende-se impor reformas unilaterais nesses setores, mudanças que pretendem ignorar a negociação coletiva e como se isso não bastasse, agora tentam mudar a previdência”.
De acordo com informações locais, as futuras pensões no Uruguai ficarão entre 10% e 38% mais baixas se o Projeto de Reforma da Previdência Social proposto pelo governo de Lacalle Pou for aprovado.
No modelo vigente no país são descontados 15% de impostos previdenciários do salário dos trabalhadores, enquanto os patrões pagam apenas uma parcela de 7,5%.
Sob o lema “Não roubem meu futuro, contra a reforma previdenciária e o modelo da desigualdade”, no dia 15 de novembro o PIT-CNT convocou uma greve geral das 9h às 13h. Os manifestantes se concentraram na Universidade da República em Montevidéu e foram até o Palácio Legislativo.
Papiro (BL)