Zema larga Bolsonaro e acena a Lula
Romeu Zema (Novo-MG) vislumbra tempos de paz com o futuro governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em outubro, no segundo turno da disputa presidencial, o governador reeleito de Minas Gerais apoiou o presidente Jair Bolsonaro (PL), que saiu derrotado. Os eventos com a participação dos dois mandatários eram marcados por críticas ao PT.
Mas a vitória de Lula, há menos de um mês, mudou o jogo. Único governante do Novo em todo o País, Zema critica a campanha de Bolsonaro – em especial a “língua” do presidente – e deixa claro que já largou o bolsonarismo. Ciente de que Minas Gerais, como qualquer outro estado, depende – e muito – da União, o governador já acena abertamente a Lula.
Em entrevista ao Valor Econômico, publicada nesta quarta-feira (23), Zema diz esperar “uma relação republicana, boa, transparente” com o governo Lula. “A não ser que eles não queiram. Não vou ficar atacando, mandando pedra, que não é o meu estilo”, resume o empresário mineiro que está à frente do Palácio Tiradentes desde 2019.
O Novo não fará parte da base de Lula, obviamente. Mas as ponderações de Zema deixam subentendido que tampouco haverá uma oposição férrea. “Nós vamos também reclamar. Qualquer coisa indevida, que venha a prejudicar Minas Gerais, não vamos concordar de forma nenhuma”, explica o governador. Ao olhar para o futuro, Zema diz se preocupar “pelo passado” – os governos liderados pelo PT. “Espero que o desempenho seja melhor do que aquele que nós assistimos de 2003 até 2016”.
Se poupou Bolsonaro em seu depoimento ao Valor, o governador foi mais direto em entrevista ao Poder360, que também foi divulgada nesta quarta. Para Zema, o presidente da República deve ser responsabilizado pelo fracasso eleitoral. “Ele próprio acabou sendo seu maior adversário nessas eleições”, diz. “Acabou acontecendo – e que sirva de lição.”
Zema agrega que espera de Bolsonaro “uma oposição responsável” a Lula. E conclui: “Mas eu, como brasileiro, torço para o Brasil dar certo, independentemente de quem estiver a frente da Presidência da República”.