Vitória de Catherine Cortez Masto pelo Estado de Nevada dá maioria aos democratas no Senado (Bill Clark/AP)

Com a inestimável colaboração de Donald Trump, que escolheu para candidatos um alentado time de negacionistas e repetidores de seus delírios sobre fraude nas eleições em geral, os democratas viram seu maior temor se desvanecer na sexta-feira (11), quando duas disputas no Senado em apuração, Arizona e Nevada, se definiram favoravelmente.

Foram reeleitos Mark Kelly (Arizona) e Catherine Cortez Masto (Nevada). Com isso, os democratas têm 50 senadores, contra 49 republicanos, sendo que há uma cadeira ainda em disputa.

Nem precisa esperar pelo segundo turno na Geórgia no dia 6 de dezembro, entre o democrata Raphael Warnock e o desafiante republicano, o ex-jogador de futebol americano Herschel Walker.

Na pior hipótese, de volta à situação da primeira parte do mandato de Biden, em que ele, para aprovar qualquer coisa, mesmo tendo apoio da Câmara, no Senado era osso. Tinha de tirar todos os pontos de atrito sem poder contrariar um senador democrata que fosse e ainda precisava apelar para uma artimanha regimental, para a vice Kamala Harris, que no sistema dos EUA é quem preside o Senado, dar o voto de minerva. O resultado dessa arrumação, como se sabe, não foi propriamente brilhante.

Agora, a vitória no Senado significa para Biden, que ele arrumou um guarda-chuva diante das ameaças do trumpismo de abrir um processo de impeachment contra ele. Também traz alívio quanto à nomeação de novos juízes, numa Suprema Corte tão enviesada para a extrema-direita.

O efeito colateral é que a insistência de Trump na ‘guerra cultural’ começa a se desgastar nas hostes republicanas, o governador reeleito da Flórida já não evita ocultar sua percepção de que ‘chegou a hora dele’, quando, antes do fiasco da ‘onda vermelha’ [a cor dos republicanos], Trump virtualmente mandava e desmandava no partido.

Já a interminável contagem dos votos de papel para definir de vez a Câmara de deputados continua, naquela bagunça que é a eleição nos EUA, com os republicanos mais perto da vitória, por 212 – precisam chegar a 218 -, contra 204 dos democratas até o momento.

Papiro

(BL)