Lars Klingbeil, vice-líder do Partido Social Democrata alemão (SPD) falou sobre fuga de indústrias para os EUA. (Lennart Preiss/AFP)

O perigo de desindustrialização na Alemanha é real. As cadeias de abastecimento estão parcialmente interrompidas, enfrentamos uma escassez de pessoal e altos preços de energia. É por isso que algumas empresas estão deixando de investir no nosso país”, alertou Lars Klingbeil, vice-líder do Partido Social Democrata (SPD) da Alemanha, ao jornal Welt, na quinta-feira (17).

O parlamentar assinalou ainda que já há sinais no setor industrial de que muitas empresas estão prontas para se mudar para os Estados Unidos.

Após o início da operação militar da Rússia na Ucrânia em fevereiro de 2022 e a adoção de vários pacotes de sanções dos EUA contra Moscou – e apoiados pela União Europeia – os preços da energia aumentaram sem controle na região.

Os governos europeus foram obrigados a instaurar e cumprir rigorosas medidas de economia de energia, ao mesmo tempo em que as contas de energia vinham mais altas, o que levou muitas empresas a cortar a produção ou fechar, aponta a Agência Sputnik.

A proibição das importações do gás russo, imposta pelos EUA e pelas sanções da União Europeia, pode provocar “um ataque cardíaco” na economia alemã, já havia alertado semanas atrás Christian Kullmann, presidente da Associação da Indústria Química da Alemanha.

Em entrevista ao jornal Suddeutsche Zeitung, Kullmann, que também é CEO da empresa química Evonik, alertou que “este país para sem a química, pois os produtos químicos são necessários para 90% de todos os processos de produção”. “No caso de um embargo total de gás, tenho medo de um ataque cardíaco à economia alemã, também à nossa indústria”, sintetizou.

A situação é evidentemente preocupante nas indústrias química e farmacêutica, esclareceu o líder empresarial, onde o gás é utilizado como fonte de energia e matéria-prima. Conforme a Associação da Indústria Química, este setor utiliza 15% do gás importado, sendo ele o maior consumidor do país.

A Alemanha ativou o segundo nível de seu plano nacional de emergência de gás já no final de julho, passando para a fase de alerta, depois que a Rússia reduziu suas entregas através do gasoduto Nord Stream I (Corrente do Norte).

Autoridades de várias cidades da Alemanha implementaram medidas para economizar, como em Augsburgo, onde anunciaram que deixaram de iluminar seus edifícios históricos à noite, reduziram a iluminação das ruas e diminuíram a temperatura da água nas piscinas.

Porém, as medidas contra a Rússia não param nas limitações do fornecimento físico do gás. O diretor executivo da empresa de energia russa Gazprom, Alexey Miller, alertou ainda no mês passado que a introdução de um teto de preços para o gás russo na Europa seria uma violação dos termos contratuais e implicaria na rescisão de fornecimentos.

No dia 7 de outubro último, o bloco europeu impôs seu oitavo pacote de sanções contra Moscou, que em particular estabelece uma estrutura para limitar o preço das exportações de petróleo russo a um nível coordenado pelo G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido). A medida deveria entrar em vigor no dia 5 de dezembro para petróleo bruto e em 5 de fevereiro para derivados de petróleo.

“Nós pautamo-nos pelos contratos assinados. Uma decisão unilateral como essa é uma violação das atuais condições do contrato que implica a cessação do fornecimento”, disse Alexei Miller, na televisão pública russa.

Miller alertou que essa medida drástica em reação à imposição de tetos de preços aos hidrocarbonetos russos está prevista num decreto presidencial assinado, em março passado, pelo presidente russo, Vladimir Putin.

Papiro

(BL)