Imagem de vídeo com os soldados russos rendidos e vivos. Outro vídeo mostra os militares mortos na mesma posição.

“O assassinato intencional e metódico de mais de dez militares russos, imobilizados pelos degenerados das Forças Armadas ucranianas, com tiros na cabeça à queima-roupa, não pode ser apresentado como uma ‘exceção trágica’ no contexto da alegada observância geral dos direitos dos prisioneiros de guerra pelo regime de Kiev”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, em comunicado emitido após circularem nas redes sociais neonazis ucranianas vídeos da execução sumária, divulgados pelos próprios algozes, para se gabarem de seu sadismo. No domingo (20), o jornal norte-americano The New York Times admitiu a autenticidade dos vídeos, gravados pelos autores da chacina, que ocorreu na aldeia de Makiivka, em Lugansk, em novembro, quando de sua recaptura pelas tropas ucranianas.

“Ao comparar os vídeos com imagens de satélite, o The Times confirmou que os vídeos foram filmados em uma casa de fazenda no vilarejo. Alguns dos vídeos fazem parte de uma série de quatro vídeos de drones divulgados em 12 de novembro por um canal pró-ucraniano do Telegram relatando a recaptura de Makiivka. O Times verificou que os outros vídeos aéreos também foram filmados recentemente na aldeia”, disse o jornal.

Moscou trabalhará para responsabilizar os perpetradores ucranianos de uma execução sumária de prisioneiros de guerra russos, reiterou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na segunda-feira (21). “A Rússia fará todo o possível sob os mecanismos internacionais para chamar a atenção para este crime e responsabilizar, de acordo com a lei, os envolvidos nele”. Moscou irá rastrear os culpados, com o objetivo de puni-los, acrescentou.

A Rússia enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, denunciando o crime de guerra do regime de Kiev e pedindo que seja encaminhada ao Conselho de Segurança e à Assembleia Geral da ONU.

O porta-voz da ONU, Farhan Haq, disse na sexta-feira que as Nações Unidas estão pedindo uma investigação completa do caso.

Por sua vez, o Comitê Investigativo Russo abriu uma investigação criminal na sexta-feira sobre a execução de prisioneiros de guerra russos por militares ucranianos. O comitê disse ainda que os investigadores militares russos estavam tomando medidas para identificar os indivíduos que gravaram as imagens da execução.

TIRO NA CABEÇA

“Parece que a maioria deles levou um tiro na cabeça”, disse a Dra. Rohini Haar, consultora médica da Physicians for Human Rights e professora assistente adjunta da Escola de Saúde Pública da Universidade Berkeley, ao jornal, acrescentando: “Há poças de sangue. Isso indica que eles [os soldados russos rendidos] foram deixados lá mortos. Parece não ter sido feito qualquer esforço para pegá-los ou ajudá-los.”

Ela destacou que “matar ou ferir um combatente que, tendo deposto as armas ou não tendo mais meios de defesa, se rendeu a critério” é uma violação das leis de conflito armado internacional.

Conforme a Dra. Haar, quando os soldados russos se renderam, eles estavam deitados, aparentemente desarmados. “Eles são considerados hors de combat, ou não combatentes – efetivamente prisioneiros de guerra”, enfatizou a consultora médica, citando a lei internacional.

No relato do NYT, um vídeo do incidente parece mostrar militares russos desarmados se rendendo às tropas ucranianas e deitados no chão. Outra mostrava a mesma cena, com tropas nas mesmas posições, aparentemente mortas por disparos de arma de fogo. Outro clipe, que não incluía áudio, parecia mostrar um soldado russo saindo de um prédio e atirando nos ucranianos.

MOSCOU EXIGE INVESTIGAÇÃO

A Rússia exigiu das organizações internacionais a condenação do crime abjeto e uma investigação completa, salientou a porta-voz do MRE russo, Maria Zakharova.

A comissária para os Direitos Humanos da Rússia, Tatyana Moskalkova, qualificou as execuções como um “crime contra a humanidade” e informou que se dirigiu ao secretário-geral do Conselho da Europa, ao diretor do Gabinete das Instituições Democráticas e dos Direitos Humanos (ODIHR, na sigla em inglês) e ao chefe do comitê do Conselho da Europa com um pedido para condená-las. Tatyana enfatizou que nenhuma palavra poderia expressar a dor e a amargura do que viram e sentiram.

“Estamos cientes dos vídeos e estamos investigando-os”, disse Marta Hurtado, porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, à Reuters na sexta-feira. “Alegações de execuções sumárias de pessoas fora de combate devem ser investigadas imediata, completa e efetivamente, e todos os perpetradores devem ser responsabilizados.”

NEONAZISMO

“Chamamos repetidamente a atenção da comunidade internacional para a atitude cruel e desumana do lado ucraniano, regularmente, em relação aos militares russos detidos. Os vídeos distribuídos pelos próprios militantes das Forças Armadas da Ucrânia mostravam assassinatos, torturas, abusos, espancamentos etc. cometidos por eles. Todas essas inúmeras evidências de crimes foram ignoradas pelo ‘Ocidente coletivo’, que apoia ativamente Kiev em tudo”, afirmou Zakharova.

Ela acrescentou que tal aprovação dos curadores americanos e europeus “os torna cúmplices do que os neonazistas ucranianos promovem e estão fazendo”. A porta-voz sublinhou que todos os envolvidos na execução de prisioneiros russos na Ucrânia serão identificados e ninguém escapará da punição.

O presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, assinalou que as nações europeias “deveriam entender que estão apoiando um estado nazista”, exatamente como fizeram nos anos 1930, e conclamou por um tribunal criminal para o presidente Zelensky.

Papiro

(BL)