Putin e Diaz-Canel na inauguração do monumento a Fidel em Moscou (RT)

“Estamos bloqueados há mais de 60 anos e recebendo sanções. Daí o compromisso de Havana de continuar defendendo a posição da Federação Russa diante deste conflito na Ucrânia” que “foi criado” e é produto da manipulação do “governo dos Estados Unidos diante da opinião pública internacional”, afirmou o presidente cubano Miguel Díaz-Canel, na terça-feira (22), em Moscou, onde manteve uma reunião bilateral com Vladimir Putin.

No encontro dos presidentes discutiu-se a situação atual e as perspectivas de desenvolvimento da associação estratégica russo-cubana nos âmbitos político, comercial, econômico, cultural e humanitário.

“Você sabe que a União Soviética e a Rússia sempre apoiaram e hoje também apoiamos o povo cubano em sua luta pela independência, pela soberania. Sempre nos opusemos a restrições de todos os tipos, embargos, bloqueios, etc., e sempre apoiamos Cuba nas plataformas internacionais. Vemos que Cuba mantém a mesma posição em relação ao nosso país”, assinalou o presidente Putin, ecoando a tradição de amizade “iniciada pelo camarada Fidel Castro”.

Referindo-se ao conflito armado com a Ucrânia, Díaz-Canel recordou as advertências de longa data do Kremlin “de que o avanço da Otan para as fronteiras com a Rússia é inadmissível” e culpou Washington por “manipular” essa situação.

“Os Estados Unidos manipularam a situação, tentaram encontrar na guerra – como sempre fazem nas guerras extraterritoriais, fora de seu território – a possibilidade de emergir como o grande solucionador de problemas e levaram a esta situação muito difícil”, constatou o presidente de Cuba, denunciando as sanções anti-russas e reiterando sua posição sobre a origem do conflito ucraniano.

“O mundo tem que acordar porque, como você mesmo perguntou, por que os Estados Unidos nos impõem as regras? Quem impõe as regras? Quem cria as regras que eles próprios violam?”, perguntou, falando com Putin.

Observando que Havana concorda com Moscou em relação aos problemas globais, Díaz-Canel reiterou que “a Rússia sempre pode contar com Cuba” e que seu governo tudo fará para fortalecer, estreitar e ampliar as relações entre os dois países. O presidente cubano também indicou que são grandes “admiradores” da história e da cultura russa, assim como de sua liderança.

Díaz-Canel elogiou a atividade dos grupos de trabalho para facilitar a cooperação em questões bilaterais e lembrou que os dois países conseguiram manter “o diálogo político no mais alto nível”, mesmo em tempos difíceis, como durante a pandemia da Covid, período em que o líder cubano manteve “mais de sete conversas” com o dirigente russo.

Por seu lado, Putin destacou que têm “todo um plano de cooperação mútua até o ano 2030, um grande número de projetos comuns a serem realizados” e, agora também, “uma oportunidade maravilhosa de analisar tudo o que já foi feito e o que ainda precisaria ser feito nas atuais condições complexas”.

MONUMENTO A FIDEL É INAUGURADO EM MOSCOU

Na terça-feira (22), os presidentes participaram na cerimônia de inauguração de um monumento ao falecido líder cubano Fidel Castro em Moscou.

O presidente russo destacou que o monumento é inaugurado na praça que já leva o nome de Fidel Castro, a quem se referiu como “um destacado estadista e político, fundador do moderno Estado cubano”. Toda a sua vida foi dedicada à “luta abnegada pelo triunfo das ideias do bem, da paz e da justiça, pela liberdade dos povos oprimidos, por uma vida digna para as pessoas comuns e pela igualdade social”, lembrou Putin.

O presidente acrescentou que Fidel “é considerado com razão um dos líderes mais famosos e carismáticos do século 20, uma personalidade verdadeiramente lendária”. O monumento de bronze tem três metros de altura e foi criado em Moscou, ao longo de meio ano.

Díaz-Canel chegou à capital russa para manter conversas com altos funcionários do país. Depois de sua visita à Argélia, a Rússia é a segunda parada do líder cubano no âmbito de um périplo que o levará à Turquia e à China e que visa estreitar os laços comerciais, econômicos e energéticos com estas nações.

Papiro

(BL)