Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) decidiu prorrogar, até o início de dezembro, o prazo de coleta de informações para o Censo 2022, devido a problemas enfrentados na coleta de dados domiciliares. A previsão inicial era encerrar os trabalhos até 31 de outubro deste ano., mas apenas 56% da população foi recenseada até agora.

Os problemas se acumulam desde a pandemia, quando teve que ser adiado. Em 2021, o Orçamento previa valor insuficiente para a pesquisa e o valor só foi liberado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em maio de 2021. Agora, o problema tem sido com os trabalhadores temporários, que já fizeram até greve.

O levantamento populacional é fundamental para ter um quadro detalhado da sociedade brasileira em todo o país para elaboração de políticas públicas mais eficientes. O governo Bolsonaro, no entanto, mostra que não tem interesse nesse tipo de informação. Durante a pandemia de covid-19, também houve muitos problemas na coleta de dados de doentes e mortes, assim como de vacinas.

Entre as dificuldades dos 153.878 trabalhadores contratados, estão reclamações de assédio verbal e sexual, racismo, assaltos e ameaças durante a pesquisa. No início de setembro, houve greve por atraso nos pagamentos e pedido de melhores condições de trabalho. O pagamento dos trabalhadores está condicionado a metas de pesquisas feitas —eles só podem ter 5% de recusas, o que os deixam sem dinheiro para a rotina de trabalho. As entidades representativas dos trabalhadores ainda consideram o trabalho precarizado.

Metade do trabalho feito

Segundo o diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, apenas cerca de metade da população estimada do Brasil foi recenseada de 1º de agosto até agora; por isso decidiu-se prorrogar o prazo dos trabalhos.

“A grande dificuldade que se encontrou foi de recrutamento de recenseadores; portanto o IBGE está tomando decisões importantes para aumentar a possibilidade de recrutamento e concluir, com isso, a operação do Censo Demográfico 2022”, disse Azeredo, em vídeo divulgado ontem (4) no site do IBGE.

O IBGE teve de abrir em 14 de setembro um novo concurso para contratar mais de 8 mil recenseadores e agentes censitários. Isso acontece bem no meio dos trabalhos do Censo, que começaram em agosto. Houve 6.550 rescisões de contratos, vinte dias depois do início das atividades.

No vídeo, o diretor de Pesquisas também pediu ajuda aos prefeitos do país para garantir o sucesso das operações do censo.

Rio de Janeiro

Um balanço geral do Censo 2022, divulgado nesta segunda-feira (3), mostrou que o Rio de Janeiro é o estado que mais recusou responder à pesquisa. Apesar de ser obrigatório, quase um milhão de casas no território fluminense se negaram a passar informações até 2 de outubro. A média de recusa no Rio é de 3,75%. Já em nível nacional, a porcentagem é de 2,27%. 

Existe uma lei para tentar diminuir a recusa, a lei nº 5.534, promulgada em 1968, determina que o morador que recusar pode receber uma multa de até dez salários mínimos – cerca de R$ 12 mil. Em caso de reincidência, o valor pode dobrar, até R$ 24 mil.

Algumas pessoas afirmam, nas redes sociais, que não irão responder a pesquisa pois o governo vai roubar as informações, que é um golpe financeiro ou até mesmo uma tentativa de fraude eleitoral. Vale ressaltar que o Censo 2022 têm fins estatísticos e as respostas são 100% sigilosas, o que demonstra circulação de fake news.

Existe também o medo de tentativas de furtos e roubos de pessoas usando, de má fé, o uniforme dos pesquisadores. Para se prevenir, o IBGE possui dois canais para a devida identificação de seus servidores, pesquisadores ou recenseadores: o telefone 0800 721 8181 e o site https://respondendo.ibge.gov.br/. Os dois canais representam um serviço permanente do IBGE para qualquer cidadão que seja procurado para responder a qualquer pesquisa e que queira se certificar de que aquela pessoa na porta ou na portaria é mesmo um servidor do instituto.

(por Cezar Xavier)