Os protestos bolsonaristas ilegais que bloquearam rodovias e causaram transtornos em todo o país também foram responsáveis por cenas infames de utilização de simbologia nazifascista.

A adulação ao autoritarismo por grupos bolsonaristas é comum em vídeos fartamente encontrados nas redes sociais, assim como a bajulação às Forças Armadas. No entanto, um ato chamou a atenção esta semana. Na cidade de São Miguel do Oeste, Santa Catarina, apoiadores de Bolsonaro que não aceitam a derrota nas urnas cantaram Hino Nacional com um gestual semelhante à saudação nazista: com o braço direito estendido à frente do corpo e palma da mão para baixo.

O gesto feito na quarta-feira (2), em frente a um quartel, é semelhante ao que era utilizado como saudação nazista a Adolf Hitler e é considerado crime na Alemanha, como aponta em emissora alemã Deutsche Welle. No Brasil também é crime pela lei nº 9.459/97 que estabelece pena com reclusão de dois a cinco anos e multa.

O embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, utilizou o Twitter para condenar qualquer simbologia nazista: “O uso de símbolos nazistas e fascistas por “manifestantes” claramente de extrema direita é profundamente chocante. Apologia ao nazismo é crime! […] Não se trata de liberdade de expressão, mas de um ataque à democracia e ao Estado de Direito no Brasil. Esse gesto desrespeita a memória das vítimas do nazismo e os horrores causados por ele.”

Entidades judaicas também se manifestaram nas redes. A Confederação Israelita do Brasil disse: “As imagens de manifestantes fazendo saudações nazistas em protesto em Santa Catarina são repugnantes e precisam ser investigadas e condenadas com veemência pelas autoridades e pela sociedade como um todo. O nazismo prega e pratica a morte e a destruição”.

O Instituto Brasil-Israel também criticou a cena: “Quando alguém se preocupa em não parecer nazista, é recomendado não agir como um nazista”.

Investigação

De acordo com Ministério Público de Santa Catarina, por meio do GAECO – Grupo Regional São Miguel do Oeste, manifestantes foram identificados, imagens analisadas e testemunham deram relatos sobre o caso. A avaliação feita é de que “não houve intenção, aparentemente, de fazer apologia ao nazismo, não havendo evidências de prática de crime, muito embora a atitude ser absolutamente incompatível com o respeito exigido durante a execução do hino nacional e poder gerar alguma responsabilidade.”

O MP ainda coloca que o “relatório produzido será encaminhado para a 40ª Promotoria de Justiça da Capital, para o eventual aprofundamento das investigações”.