Início da transição é nova vitória contra o golpismo bolsonarista
O bastão do governo federal começou a passar das mãos de Jair Bolsonaro (PL) para as de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sob a coordenação do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), a equipe de transição indicada por Lula fez quatro importantes reuniões nesta quinta-feira (3).
Houve conversas com relator do Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI); com ministros do TCU (Tribunal de Contas da União); com o ministro-chefe da Casa Civil e responsável do governo pela transição, Ciro Nogueira; e com o próprio Bolsonaro. Algumas medidas iniciais, como a ideia de uma “PEC da Transição”, avançaram.
A reunião entre Alckmin e Bolsonaro, no gabinete do presidente, não estava prevista, mas tampouco parece ter ocorrido por acaso. “Foi positivo. O presidente convidou para que fosse até lá ao seu gabinete”, afirmou Alckmin a jornalistas. Segundo o vice de Lula, Bolsonaro “reiterou o que disse o ministro Ciro Nogueira e o ministro general (Luiz Eduardo) Ramos – da disposição do governo federal de prestar todas as informações, colaborações, para que se tenha aí uma transição pautada pelo interesse público”.
Alckmin deu a entender que o próprio Bolsonaro deve se pronunciar sobre o encontro entre eles. Mas o vice de Lula elogiou o empenho da atual gestão em promover uma transição “pautada na transparência, na continuidade dos trabalhos, no planejamento, na previsibilidade”.
Não bastasse o início das tratativas entre os dois governos – o cessante e o eleito –, a data foi marcada pelo anúncio do fim de todos os bloqueios em rodovias federais. Dos 960 pontos ocupados ilegalmente por bolsonaristas desde domingo (30), 936 já foram liberados. Os outros 24, limitados a três estados – Mato Grosso, Pará e Rondônia –, têm apenas interdições parciais, conforme a Polícia Rodoviária Federal.
Se havia marcha golpista em curso, a quinta-feira foi de mais uma vitória para a democracia. “A transição já começou”, resumiu Alckmin em entrevista coletiva. Ele e os demais indicados por Lula para encaminhar esse processo começam a trabalhar oficialmente na transição na próxima segunda-feira (7), no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília.