Mensagem de Truss vazada aponta atuação inglesa na sabotagem ao Nord Stream
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, pediu que Londres comente alegações de que a então primeira-ministra Liz Truss enviou, logo após as explosões no Nord Stream no final de setembro, uma mensagem de “está feito” para o secretário de Estado Antony Blinken.
“Milhões de pessoas em todo o mundo têm o direito de saber o que aconteceu com a segurança energética mundial” e se os EUA e o Reino Unido tiveram um papel no ataque, afirmou a porta-voz.
As explosões, no dia 26 de setembro, destruíram trechos da rede de gasodutos que ligam Rússia e Alemanha, exatamente quando começavam a pipocar no país manifestações pela imediata abertura do Nord Stream 2 e contra as sanções anti-Rússia, para conter a inflação, afastar o risco de congelamento no inverno e a desindustrialização.
Segundo a RT, a alegação tem como origem o empresário de tecnologia finlandês-alemão e personalidade de mídia social, Kim Dotcom, a partir de revelação feita pelo jornal britânico The Mail sobre um possível hackeamento do celular de Truss.
As recentes acusações de Moscou contra o dedo de Londres no atentado que destruiu parte do Nord Stream teriam como base informações obtidas do dispositivo.
Dotcom especulou que Truss enviou uma mensagem “Está feito” para Blinken “um minuto depois que o oleoduto explodiu e antes que mais alguém soubesse”, sem oferecer nenhuma evidência disso, como observou a RT.
A história sobre o suposto hack foi publicada pelo Mail on Sunday com base em fontes de segurança anônimas. Segundo o jornal, os violadores obtiveram um ano de comunicações altamente confidenciais de Truss com autoridades britânicas e estrangeiras.
Também partiu do Mail a presunção de que os hackers estavam “trabalhando para a Rússia”. Os gasodutos Nord Stream foram danificados por explosões poderosas no final de setembro, quando Truss ainda cumpria seu curto mandato recorde como primeira-ministra britânica.
Prontamente Moscou assinalou que eram os EUA a parte que obviamente se beneficiou mais com a interrupção, que prejudicou a capacidade da UE de obter suprimentos de gás natural da Rússia. A América está agora vendendo para a Europa seu próprio gás natural liquefeito, quatro vezes mais caro.
A acusação de que a Grã-Bretanha participou da explosão do Nord Stream foi feita pelo Ministério da Defesa da Rússia no sábado passado, quando relatou detalhes sobre um ataque de drones à frota russa do Mar Negro. Londres reagiu às acusações e ao suposto vazamento, chamando-os de “falsas alegações de escala épica”.
CRATERAS NO BÁLTICO
Os primeiros resultados das inspeções feitas pelo operador do gasoduto Nord Stream 1 após as explosões ocorridas no final de setembro revelaram na quarta-feira (2) que um trecho submarino de cerca de 250 m do gasoduto está destruído.
“Foram descobertas crateras […] no fundo do mar, cada uma a pelo menos 248 m umas das outras”, declarou a empresa Nord Stream, em um comunicado. “O trecho do gasoduto entre as crateras”, cuja profundidade é de “3 a 5 m”, está “destruído”, acrescentou a nota.
Em 26 de setembro, foram detectados quatro vazamentos nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, na costa da ilha dinamarquesa de Bornholm; dois, na zona econômica sueca; e dois, na da Dinamarca.
A promotoria sueca abriu uma investigação alguns dias depois das explosões e, afastada a hipótese de suicídio, averigua possível ‘sabotagem’. Autoridades judiciais alemãs e dinamarquesas também participam dessas investigações, das quais a Rússia foi arbitrariamente excluída, apesar da maior acionista do sistema de gasodutos ser a estatal russa do gás, Gazprom. Em comunicado, o consórcio Nord Stream, que administra a operação do Nord Stream 1, anunciou que está fazendo suas próprias investigações, que “continuarão”.
Dois relatórios bombásticos da Associated Press e do Washington Post na segunda e na terça-feira confirmaram que os EUA têm forças no terreno no conflito na Ucrânia, registrou o portal Zero Hedge. “Um pequeno número de forças militares dos EUA dentro da Ucrânia começou recentemente a fazer inspeções no local para garantir que as tropas ucranianas estejam contabilizando adequadamente as armas fornecidas pelo Ocidente que recebem, disse um alto funcionário da defesa dos EUA a repórteres do Pentágono na segunda-feira”, revelou a reportagem.
Tais “inspeções” seriam parte de um novo plano para rastrear armas e munição fornecidas pelos EUA, após reiteradas denúncias de que estariam sendo desviadas para o mercado negro. Segundo o Pentágono, esse “pequeno” contingente de tropas foi orientado a não fazer inspeções “perto” das linhas de frente de combate.
A Rússia já denunciou que isso vem acontecendo e a Finlândia anunciou recentemente a descoberta de armas em mãos de gângsters locais, que deveriam estar na Ucrânia. Na darknet, não faltam ofertas de armas norte-americanas novinhas em folha.
Em outubro, o veterano jornalista James Risen informou que o governo Biden havia autorizado o envio clandestino de Forças Especiais dos EUA à Ucrânia, usando uma autorização pré-existente, originalmente aprovada no governo Obama. Ele teria notificado discretamente alguns líderes do Congresso. O New York Times informou em julho que dezenas de ex-militares dos EUA estão operando em solo na Ucrânia e que oficiais aposentados dos EUA estão dirigindo partes do esforço de guerra ucraniano de dentro do país.
Papiro