58% dos europeus são forçados a fazer cortes na cesta básica
Cerca de 58% dos consumidores foram forçados à redução nas compras de produtos essenciais e 35% usaram economias pessoais ou fizeram empréstimos para pagar contas.
Em meio ao aumento do custo de vida, cerca de 71% dos moradores da União Europeia mudaram seus hábitos de compra para manter a comida na mesa, revelou uma pesquisa da empresa de mercado IRI, citada pela Bloomberg.
Segundo o relatório, a “fadiga da inflação” na região levou a “comportamentos de enfrentamento” não vistos desde as décadas de 1970 e 1980, como pular refeições, cortar gastos com alimentos, comprar mercadorias fora de prazo ou itens a preços reduzidos.
Mais da metade dos entrevistados disseram que planejam reduzir os pedidos de comida, enquanto 47% disseram que reduziriam suas visitas a restaurantes, bares e cafés, além de adiar as viagens que não sejam de trabalho, assinalou a vice-presidente sênior da empresa de investigação de mercado IRI, Ananda Roy.
O crescimento dos preços na região saltou para um novo recorde de 10,9% ano a ano em setembro, informou a agência de estatísticas Eurostat na semana passada. A inflação continua a ser impulsionada pelos custos de alimentos, combustíveis e energia, este último item elevado em consequência das sanções à Rússia.
Já os salários estão sem reajuste desde antes da pandemia na maioria dos 19 países da UE.
Como resultado, a confiança do consumidor em todo o bloco permanece perto de uma baixa recorde, tendo caído pelo quinto trimestre consecutivo no terceiro trimestre deste ano, de acordo com o Consumer Tracker da Deloitte.
Roy sugeriu que, como é improvável que a inflação diminua no futuro próximo, tanto os consumidores quanto os varejistas teriam que se adaptar às novas realidades.
“Há várias decisões difíceis para os compradores que usam cartões, e os varejistas e as marcas deverão ter um cuidado sobre como vão responder às necessidades dos compradores”, afirmou.
ALEMANHA É UM DOS MAIS AFETADOS
Alemanha, a maior economia do bloco, tem sido um dos países mais afetados pela inflação e pela recessão. Lá, os fabricantes aumentaram seus preços em quase 50% em setembro em relação ao ano anterior, informou o Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) na quinta-feira.
Os preços ao produtor para produtos comerciais subiram 45,8% em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado, disse o Destatis. Além disso, em setembro a taxa foi 2,3% maior do que em agosto.
“Agosto e setembro de 2022 foram, portanto, os maiores aumentos nos preços ao produtor em comparação com um mês no ano anterior foram medidos desde o início da pesquisa em 1949”, disse a autoridade de estatísticas.
80% dos economistas consultados pela Bloomberg agora colocam a probabilidade de dois trimestres consecutivos de retração nos próximos 12 meses, acima dos 60% em pesquisa anterior.
Papiro
(BL)