O ministro da economia, Paulo Guedes | Wilson Dias - EBC

Acabar com os descontos com despesas médicas e de educação no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), arrochando ainda mais os trabalhadores, é mais uma proposta que vazou do Ministério da Economia do governo Bolsonaro.

O fim das isenções faz parte de um estudo da equipe de Paulo Guedes, que resultaria em uma economia de R$ 30 bilhões nos cofres do governo e compensaria em parte as promessas que Bolsonaro vem fazendo na campanha eleitoral, como a manutenção do Auxílio Brasil em 600 reais com validade até as eleições.

Os estudos vazaram em documento obtido na íntegra pelo Estadão, com dez páginas e anexos com sugestões de mudanças legislativas, e foi elaborado pela equipe da área fiscal do Ministério após o primeiro turno.

Na semana passada, vazou o plano de Guedes de desvincular o reajuste do salário mínimo da inflação a partir de 2023. Isso significaria um arrocho monstro nos salários e aposentadorias. Milhões de trabalhadores seriam diretamente prejudicados. Aposentados teriam seus minguados rendimentos reduzidos ano a ano.

Se a medida entrasse em vigor, significaria a redução de salários e de aposentadorias de 80 milhões de pessoas que vivem de salário mínimo no Brasil.

Diante da reação da sociedade, através de parlamentares, políticos e sindicalistas, Bolsonaro tratou logo de desmentir, dizendo que ia fazer o que não fez durante os quatro anos de governo: dar reajuste real de salário. Seu governo foi marcado por um arrocho salarial só comparado com o praticado pela ditadura.

Com os criminosos cortes no orçamento da saúde e da educação pelo atual governo, prejudicando o atendimento à população, a classe média e mesmo famílias de menor renda, que conseguem dispor de algum dinheiro, estão crescentemente dependentes dos planos de saúde. Na sua maioria, gostaria de poder contar um SUS universal, como previsto na Constituição, no entanto, suas fontes de recursos seguem desviadas para outros fins.

Enquanto permanecem injustiças ou ainda são agravadas, aqueles que pagam “impostos” sobre impostos já pagos, ao ter que prover o plano de saúde – cujos aumentos em 2022 chegam até a 20%, com aval do governo -, o ensino pago , não podem admitir esse confisco contra os abatimentos previstos no IR.

Assim como o arrocho nos salários e aposentadorias, Paulo Guedes, em nota, tratou logo de dizer que não disse o que defende.

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(BL)