Foto: Marcello Casal/AB

A prévia da inflação de outubro registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi de 0,16%, num claro sinal de que a deflação tão propagada por Bolsonaro para ganhar as eleições não durou mais do que dois meses. Segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (25), além dos alimentos, os preços avançaram na saúde, vestuário, higiene pessoal e passagens aéreas. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,80% e, em 12 meses, de 6,85%.

Assim como nos últimos meses, o recuo no preço dos combustíveis (-6,14%) impactou o resultado, como aponta o IPCA-15, diz o IBGE. Por outro lado, os preços dos alimentos subiram, penalizando, particularmente, as famílias de mais baixa renda.

O grupo Alimentação e bebidas, que havia recuado em setembro, apresentou alta de 0,21% em outubro. No ano, a alimentação acumula alta de 10,60%, e em 12 meses, de 11,43%, índices bem acima do IPCA. A alimentação no domicílio sai ainda mais cara. Em 12 meses, a alta é de 13,05%, com aumentos nos preços dos produtos que chegam a 135%.

No mês, a alimentação no domicílio, que apura os alimentos vendido nos supermercados, registrou alta de 0,14%, influenciada pelo aumento nos preços das frutas (4,61%), da batata-inglesa (20,11%), do tomate (6,25%) e da cebola (5,86%). Já o leite longa vida (-9,91%), o óleo de soja (-3,71%) e as carnes (0,56%) tiveram redução nos preços no mês, mas em doze meses acumulam aumentos bem acima da inflação oficial.

Veja a seguir os principais aumento dos alimentos nos últimos 12 meses de acordo com o IPCA-15:

ᄋ Cebola (135,87%)

ᄋ Limão (75,28%)

ᄋ Melão (48,90%)

ᄋ Banana-d’água (44,54%)

ᄋ Mamão (42,63%)

ᄋ Maçã 42,51%

ᄋ Maracujá (42,05%)

ᄋ Tangerina (41,75%)

ᄋ Alimento infantil (36,16%)

ᄋ Farinha de trigo (35,40%)

ᄋ Café moído (35,36%)

ᄋ Milho em grão (32,47%)

ᄋ Leite condensado (32,38%)

ᄋ Macarrão instantâneo (31,80%)

ᄋ Leite longa vida (31,72%)

ᄋ Batata-inglesa (31,68%)

ᄋ Maionese (31,41%)

ᄋ Banana tipo prata (27,94%)

ᄋ Manga (27,89%)

ᄋ Pão de forma (26,89).

VESTUÁRIO, SAÚDE, EDUCAÇÃO E CUIDADOS PESSOAIS

Em outubro, dentre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, seis registraram altas, sendo: Vestuário (1,43%), Saúde e cuidados pessoais (0,80%), Alimentação e bebidas (0,21%), Habitação (0,28%), Despesas pessoais (0,57%) e Educação (0,19%). Entre os três que tiveram deflação, estão: Artigos de residência (-0,35%), Comunicação (-0,42%) e Transportes (-0,64%).

Nesta prévia da inflação, de acordo com o IBGE, o maior impacto veio do grupo de Saúde e cuidados pessoais (0,10 p.p.), refletindo sobretudo o aumento dos planos de saúde, além do aumento nos preços de itens de higiene pessoal. A maior variação entre os grupos foi registrada por Vestuário (1,43%).

Além da carestia da alimentação, o IBGE constatou um avanço nos preços dos itens de higiene pessoal, que subiram 1,10% e contribuíram com 0,04 p.p. no IPCA-15 de outubro. Em um ano, a alta dos produtos de higiene pessoal chega 12,53%, com destaques para os preços do sabonete (27,42%), produtos para cabelos (14,69%), absorvente feminino (10,94%) e papel higiênico (13,26%).

Outra pressão dos preços relevante para a parcial do mês de outubro veio do grupo Habitação (0,28%), puxado pelo avanço de 0,07% da energia elétrica e de 0,39% na taxa de água e esgoto, em função do reajuste médio de 13,22% aplicado em uma das concessionárias de Porto Alegre (3,36%), a partir de 29 de setembro.

O grupo Transportes (-0,64%) seguiu na linha dos recuos observados nos últimos meses, em que o corte do ICMS dos Estados cobrados sobre os combustíveis – medida

criada pelo governo Bolsonaro para melhorar a sua imagem em meio as eleições, já que nada fez para mudar a política de preços da Petrobrás que submete os preços internos ao dólar e ao barril de petróleo no mercado internacional. Nas bombas, segundo a Agência Nacional de Petróleo, os preços dos combustíveis voltaram a subir no mês de outubro, já por duas semanas seguidas.

No grupo de Transportes, no entanto, foram observadas altas nas passagens aéreas (28,17%), cujos preços aceleraram em relação a setembro (8,20%), e em ônibus intermunicipal (0,42%), puxado pelo reajuste de 12,00% em Fortaleza (7,52%), e de 5,00% em Porto Alegre (2,39%).

No Brasil, o aumento do custo de vida da população – principalmente dos custos da alimentação que agrava a situação das famílias mais carentes, ocorre num ambiente em que a economia brasileira se encontra estagnada com um mercado de trabalho profundamente fragilizado. No final de agosto, o IBGE constatou mais de 9,7 milhões de pessoas em busca de emprego e outros 39,3 milhões na informalidade do trabalho, na sua maioria, brasileiros sobrevivendo dos famosos “bicos”, com jornada excessiva de trabalho e renda miserável.

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(BL)