Hospital Florence Nightingale Krankenhaus na cidade de Dusseldorf. (Divulgação)

O governo alemão reconheceu que a crise energética que a Europa atravessa poderá provocar o fechamento de hospitais no país, como mais uma consequência da subida dos preços da eletricidade devido às sanções contra a Rússia promovidas por Washington às quais os países da União Europeia aderiram e se submeteram.

“Muitos hospitais na Alemanha podem ser forçados à falência devido ao aumento dos preços da energia e da inflação, a menos que o governo federal ofereça alguma forma de assistência”, alertou o ministro de Saúde, Karl Lauterbach, neste domingo (16), alertando que o sistema hospitalar pode ser afetado pelos aumentos, que atingiram níveis históricos no país.

O ministro disse que discutirá o valor e a forma de assistência que deve ser fornecida aos hospitais com o ministro das Finanças, Christian Lindner, na terça-feira (18).

Uma investigação publicada pela Associação de Hospitais Alemães, em setembro, informa que 40% dos hospitais do país estavam à beira da falência devido ao aumento excessivo dos preços da energia, tornando impossível às instituições de saúde continuar as suas atividades.

Gerald Gass, o presidente da Associação, advertiu que as clínicas não poderiam suportar os custos crescentes e algumas delas poderão ter de fechar nos próximos meses e sublinhou que a situação se agravaria no próximo ano.

No entanto, Berlim ainda não tem planos específicos de criar um fundo especial para hospitais, semelhante ao criado para a Bundeswehr (as Forças Armadas da Alemanha). “Não podemos criar fundos especiais separados para cada área”, respondeu Lauterbach quando questionado sobre a possibilidade das autoridades alemãs criarem um financiamento exclusivo para o setor de saúde.

A notícia que ameaça a saúde pública foi divulgada em meio a uma onda de protestos em diferentes cidades europeias devido ao alto custo de vida e às políticas da UE. Os manifestantes expressaram seu descontentamento com a ameaça da crise energética e da inflação, dois problemas que afetam as empresas e as famílias.

A inflação anual na Alemanha continua a subir dois dígitos, acelerando para 10,9% em setembro. Os principais economistas alemães alertaram recentemente que a disparada dos preços do gás tem tudo para levar a maior economia da UE à recessão.

Em setembro passado, a imprensa alemã revelou que, em algumas zonas do país, como nos arredores de Berlim, o consumidor empresarial (médias e pequenas empresas, às quais o governo estuda subsidiar) deve pagar de 700 (R$3.844) e 1.515 (R$ 8.164) euros por mês pelo serviço de eletricidade. Antes, pagava em torno de 140 dólares (R$ 900), mas as sanções tomadas pela EU a mando dos Estados Unidos tornaram a eletricidade e o gás insuportavelmente mais caros.

A Rússia costumava cobrir mais de 40% das necessidades de gás da União Europeia (UE) antes do início de sua operação militar na Ucrânia e das sanções que se seguiram.

Os suprimento caíram drasticamente este ano, exacerbando a crise energética, já que o bloco reduziu o consumo de gás russo, a pretexto de – além de punir Moscou – reduzir sua “dependência” da matriz energética russa. As compras junto aos EUA se elevaram na mesma proporção e a preços “exorbitantes”, como reclamaram recentemente os ministro da Economia da Alemanha e da França.

A gigante de energia da Alemanha, EnBW AG, anunciou na terça-feira (11) que os preços do gás para residências terão novo aumento, a previsão é de 38% em média a partir de 1º de dezembro. O anúnci ocorre três meses após o aumento anterior entrar em vigor.

Diante desse problema, a Alemanha teve que recorrer a algumas medidas, como a nacionalização de grandes empresas do setor de energia, como a Uniper que se declarava incapaz de seguir operando.

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(BL)