Lideranças do Sul reforçam necessidade de estreitar relação do PCdoB com o povo
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O Encontro Regional Sul do PCdoB, realizado nesta sexta (21) e sábado (22) em Porto Alegre, abriu espaço para a manifestação da militância e de lideranças dos três estados participantes que trataram de assuntos fundamentais para o fortalecimento do partido junto ao povo, diante da complexidade do momento atual marcado pela ascensão da extrema-direita. O evento é parte do processo de mobilização para o 16º Congresso Nacional do PCdoB, que acontece no final do ano.
Ao falar durante a abertura, a deputada federal Daiana Santos, do Rio Grande do Sul, destacou: “Vivemos tempos desafiadores. A eleição de Lula foi uma importante vitória, mas a extrema-direita está articulada, minando os avanços do nosso governo e as políticas de inclusão social, justiça e soberania nacional”.
Por isso, pontuou, “é imperativo que nós possamos adotar novas estratégias de comunicação. Devemos utilizar de todos os meios para, de forma clara e envolvente, combater a desinformação e conquistar essas mentes que estão se deixando levar por falsas ideias emanadas da extrema-direita”.
Neste sentido, Daiana ressaltou o importante papel desempenhado pelo PCdoB e a necessidade de ligá-lo cada vez mais às bases para fortalecer o partido, contribuindo, assim, com as lutas locais e nacionais em curso. “Somos um partido combativo, que carrega a força da juventude, das mulheres, dos negros, dos LGBTs, dos trabalhadores e das trabalhadoras. Nossa diversidade é a nossa força. E é por meio dela que nós precisamos nos reconectar com a população”, afirmou.
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Por isso, ela defendeu que “cada mulher trabalhadora, cada jovem negro, cada pessoa LGBT, cada indígena, cada trabalhador do campo ou da cidade, cada representante do povo, precisa ser ouvido. Nós precisamos considerar essas como pautas centrais para a nossa luta, reconhecendo que elas não são periféricas ou secundárias”.
Daiana também tratou dos reflexos da crise climática e da necessidade deste assunto ter papel central nos debates do 16º Congresso e no cotidiano do partido. “Aqui no Rio Grande do Sul, superamos uma tragédia ambiental. E essa pauta da emergência climática — que tem sido tão bem tratada pelos nossos vereadores de Porto Alegre — precisa estar presente em nossos debates. Essa é uma nova realidade, da qual não podemos escapar”.
Ela concluiu dizendo que os encontro regionais são “extremamente importantes para que a gente possa se reconectar, mas principalmente compreender qual é o nosso papel enquanto agente político transformador dessa sociedade, independentemente do espaço político que estejamos ocupando”.
E salientou: “A história centenária de lutas do PCdoB é tão relevante que nos faz sempre olhar para o futuro”.
A política é cotidiana
A deputada estadual Bruna Rodrigues, também do Rio Grande do Sul, reafirmou a necessidade de os comunistas aproveitarem os debates do 16º Congresso tanto para fortalecer e revigorar o partido, tornando-o mais presente no cotidiano do povo como, também, para enfrentar a extrema-direita e contribuir para a vitória do campo democrático, popular e de esquerda em 2026.
“Sou dessa geração que viveu a intensidade das mudanças que o país experimentou a partir de 2001. O sonho das políticas públicas se materializou neste corpo. Afinal de contas, sou uma jovem mulher preta, periférica, mãe desde os 16 anos, estudante cotista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que a vida toda foi e é beneficiária da SUS e que, hoje, é a primeira negra deputada estadual desse estado e que acaba de ser eleita procuradora da Mulher da Assembleia Legislativa”, contou.
Lembrando de sua trajetória nas fileiras do PCdoB, que somam 20 anos dos 37 que ela tem de vida, Bruna salientou: “me criei no PCdoB, me tornei essa mulher aqui, sou filha dessa casa, fruto deste partido. E é aqui que a gente precisa fraternalmente refletir sobre qual partido nós precisamos ter para ajudar o nosso povo a entender que o caminho é o socialismo”.
Para estreitar esse diálogo, Bruna também defendeu maior investimento em uma comunicação popular. “Qual estratégia nós vamos usar para dialogar com o nosso povo? A extrema-direita entra na nossa casa, em nossos celulares, todos os dias. Todo dia a minha mãe me manda uma fake news que ela recebeu. Não dá tempo de responder a tudo”, explica.
Neste sentido, um dos instrumentos que acredita ser fundamental, entre outros, é criar e fortalecer os comitês de base. “A política não é só a de mandato, nem apenas a do período eleitoral. Precisamos participar do cotidiano das pessoas e traçar estratégias para vencermos em 2026 e para que o Brasil possa avançar, melhorando a vida do povo”.
Novos olhares
Vereadora mais jovem e reeleita pelo PCdoB em Criciúma, Santa Catarina, Giovana Mondardo, esteve presente ao encontro e se disse animada com essa etapa de debates. “Penso que esses encontros, rumo ao 16º Congresso têm, entre seus objetivos centrais, debater a identidade que o PCdoB quer passar para fora, para a sociedade brasileira”.
Do ponto de vista partidário, ela aposta, ainda, no avanço da interlocução do PCdoB com a sociedade e no aumento das filiações. “Precisamos procurar mais pessoas que se identifiquem com o socialismo no Brasil para fortalecer a nossa luta”, declarou.
Quanto ao cenário político nacional e internacional, enfatizou que o congresso também terá a missão de debater saídas para “superar esses tempos de múltiplas crises e de avanço da extrema-direita”.
Ela acredita que “parte da população brasileira já entendeu que o novo mundo com o qual a gente sonha, é possível. A experiência chinesa, sobretudo, vem mostrando isso. E nesse processo, é fundamental que a gente crie as condições para esse novo mundo. Para isso, é preciso entender que a comunicação, principalmente digital, joga um papel muito importante na disputa de consciência”.
Sandra Picoli, vereadora do PCdoB de Erechim (RS), também participou dos debates. “Acho fundamental essa atitude do partido de, a cada quatro anos, rediscutir suas diretrizes porque o mundo muda, as conjunturas políticas mudam, e é preciso dar um norte para a nossa militância frente a essas mudanças. O Congresso nos permite debater, aprender e sair mais fortalecido e com um rumo para a nossa luta”.
A vereadora salientou, ainda, que “estamos num momento muito delicado no nosso país, no qual a gente precisa lutar intensamente para manter a nossa democracia de pé, ao mesmo tempo em que o nosso povo é oprimido, mas não consegue identificar quem é o seu opressor. É preciso, portanto, que a gente trace as estratégias a serem seguidas nessa luta”.
De acordo com Sandra, os encontros regionais do PCdoB cumprem, ainda, o importante papel de unificar as lutas mais amplas, já que muitas vezes isso acaba se fragmentando nas necessidades cotidianas do partido e dos movimentos sociais. “É uma forma de reafirmar que estamos todos no mesmo barco, enfrentando questões que atingem a todos”, diz.
Elton Barz, presidente do PCdoB do Paraná, avalia que o encontro da Região Sul foi “muito proveitoso porque nos possibilitou conhecer melhor a realidade de cada estado e as dificuldades enfrentadas por nossos camaradas. Mas, talvez o mais importante seja ver que tanto as lideranças locais como o Comitê Central estão alinhados no desafio de compreender e dar respostas ao que é ser um Partido Comunista num país como Brasil nos dias de hoje”.
Afinal, ponderou, “o Brasil vive um momento desafiador na definição do seu futuro. Os caminhos que trilharmos agora definirão se rumamos para um país democrático, com um projeto de desenvolvimento nacional e justiça social, ou se partimos para ser uma nação dependente e atrelada ao rentismo internacional”.