Jeannette Jara. Foto Jeannette Jara /Facebook

A coalizão de esquerda do Chile escolheu a comunista Jeannette Jara, ex-ministra do Trabalho do governo Gabriel Boric, como candidata à presidência nas eleições previstas para novembro. A advogada computou mais de 60% dos votos, com isso se torna a primeira candidata do Partido Comunista do Chile lançada para representar a coalizão no pleito nacional.

Jara, advogada de 51 anos, esteve como ministra do atual governo até abril. Ela liderou importantes avanços durante sua gestão na pasta, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, com o apoio de deputadas também comunistas, e pela reforma da previdência.

A reforma introduziu um sistema misto ao combinar a capitalização individual com um novo seguro estatal, aumentando gradualmente os valores das aposentadorias, que haviam sido severamente reduzidos pelo sistema da ditadura Pinochet.

Para conquistar a posição dentro da coalização de partidos governistas, Jara venceu a ex-ministra do Interior Carolina Tohá e os deputados Gonzalo Winter (apoiado pelo partido de Boric, Frente Ampla) e Jaime Mulet.

Pelas redes, a comunista recebeu o apoio dos colegas contra os quais disputou. A ex-ministra também publicou um agradecimento a eles e falou das propostas que nortearão sua campanha:

“Assumo com humildade e muita responsabilidade a honra de ter sido escolhida como a candidata do progressismo para as próximas eleições presidenciais. Essa vitória é de vocês, dos jovens, das mulheres, dos trabalhadores e trabalhadoras, das famílias que sonham com um Chile mais justo e com mais oportunidades […] vamos elaborar um programa de governo que coloque no centro o que realmente importa: empregos dignos, saúde, moradias dignas, segurança para nossas famílias e bairros, crescimento econômico com inovação e cuidado com o meio ambiente”, afirma a candidata, que irá ouvir a população para compor o seu programa.

Boric saudou o resultado e disse que Jara “passa imediatamente a liderar as forças do progressismo rumo ao futuro”. Segundo o presidente, mais de 1,4 milhão de chilenos participaram das primárias, o que representa o fortalecimento da democracia

“Agora, vamos todos juntos trabalhar pela unidade, com carinho e abertura para convocar a maioria dos nossos compatriotas a continuar construindo um país mais justo, seguro e feliz”, disse o presidente.

A constituição chilena prevê um mandato presidencial de 4 anos sem a possibilidade de reeleição consecutiva. Assim, Boric não pode sair candidato a presidente. Os principais adversários de Jara na disputa deverão ser Evelyn Matthei, da direita tradicional, e José Antonio Kast, da extrema direita – derrotado por Boric no segundo turno de 2021.