Davidson Magalhães, dirigente do PT-BA

Durante a live de lançamento oficial do 16º Congresso do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), realizada nesta terça-feira (17), o dirigente baiano Davidson Magalhães apresentou um diagnóstico da situação internacional que balizará os debates do evento nacional, marcado para os dias 16 a 19 de outubro, em Brasília.

Segundo Magalhães, o mundo vive uma profunda crise do capitalismo, marcada pela estagnação econômica nos países centrais — Estados Unidos, União Europeia e Japão —, acompanhada por desigualdades crescentes, explosão da miséria e concentração de riquezas nas mãos de uma minoria trilionária. “A precarização do trabalho e o avanço do rentismo indicam a falência do modelo neoliberal”, alertou.

Além da dimensão econômica, o dirigente apontou o agravamento da crise ambiental e o esgotamento de uma ordem internacional unipolar. “Vivemos o declínio da hegemonia norte-americana e a transição para uma nova ordem mundial, com o fortalecimento de polos como China e Rússia”, afirmou.

Avanço das tecnologias sob controle do capital aprofunda exploração

Outro eixo da análise apresentada por Magalhães diz respeito às transformações estruturais do capitalismo impulsionadas pela chamada Quarta Revolução Industrial. A adoção massiva de tecnologias como inteligência artificial, robótica e internet das coisas reorganizou os circuitos de produção e circulação em torno da economia de dados.

Contudo, o dirigente comunista alerta que esses avanços ocorrem sob controle dos monopólios capitalistas. “As Big Techs, como Google, Meta e Amazon, concentram poder econômico e manipulam ideologicamente a sociedade. São ferramentas de precarização da vida e de disseminação de valores da extrema direita”, afirmou.

Magalhães destacou que o predomínio do capital financeiro sobre o produtivo gera mais contradições e impasses no sistema, enquanto amplia os ataques aos direitos dos trabalhadores e o colapso ambiental.

Imperialismo em declínio recorre ao neofascismo e à guerra

Diante da crise sistêmica e da perda de controle da ordem mundial, o dirigente do PCdoB apontou a ascensão do neofascismo e das políticas belicistas como estratégias das oligarquias imperialistas para manter sua dominação. “Trump foi o epicentro desse movimento, que se manifesta em políticas protecionistas, chauvinistas e militaristas”, disse.

O cenário atual, segundo ele, inclui ameaças reais à paz mundial, como a guerra de procuração da OTAN na Ucrânia contra a Rússia, o genocídio do povo palestino perpetrado por Israel e os conflitos recentes envolvendo o Irã. “O mundo está sob risco de uma terceira guerra mundial”, alertou.

Socialismo e multipolaridade como saídas estratégicas

Em contraste com a decadência do modelo neoliberal, Davidson Magalhães destacou o protagonismo crescente do socialismo, sobretudo na experiência chinesa. “A China, dirigida pelo Partido Comunista, se consolida como motor do crescimento econômico e da inovação tecnológica com justiça social”, afirmou.

Para o dirigente, o 16º Congresso do PCdoB deve impulsionar uma militância ativa em defesa da paz, contra a guerra e o neofascismo, e pela construção do socialismo como alternativa necessária à crise capitalista.

Magalhães ressaltou ainda a importância da política externa brasileira neste contexto: “O Brasil pode e deve ocupar um papel estratégico com sua política externa altiva e proativa, fortalecendo a multipolaridade, as relações Sul-Sul e construindo um projeto de desenvolvimento soberano.”

Congresso mobiliza a base e debate o futuro do partido

O 16º Congresso do PCdoB será precedido por uma intensa agenda de debates em todo o país, desde os comitês de base até o Comitê Central. Mais de mil militantes participaram da live de lançamento, demonstrando o vigor da mobilização partidária.

Com o lema da luta pela paz, pela democracia e pelo socialismo, o Congresso promete atualizar o programa e as diretrizes do partido diante de um cenário internacional complexo e desafiador, reafirmando sua posição como força organizada da classe trabalhadora e do povo brasileiro.