Homenagem ao líder estudantil durante o 59º Congresso da UNE, em 2023. Foto: Yuri Salvador

A União Nacional dos Estudantes (UNE) mobiliza apoio para a inclusão do nome de Honestino Guimarães no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. O Projeto de Lei 5081/2025, que propõe a inscrição do nome do ex-presidente da UNE nas páginas de aço do livro depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (PT-AP).

Para dar ainda mais força ao pedido, nesta semana estreou o documentário Honestino, co-produzido pela UNE, que está em cartaz na 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O filme retrata a história do líder estudantil (estrelado pelo ator Bruno Gagliasso) que, em 1973, foi sequestrado e morto pela ditadura militar.

Em publicação nas redes, a entidade estudantil destaca o legado de seu ex-presidente para a democracia e ressalta a importância do projeto apresentado. “A história de Honestino Guimarães é a história da juventude que nunca se calou diante da injustiça. Presidente da UNE durante a ditadura militar, Honestino foi preso, torturado e desaparecido pelo regime que tentou silenciar as vozes da democracia”, diz a UNE.

“O Projeto de Lei apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues busca incluir o nome de Honestino no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, um reconhecimento à coragem de quem deu a vida pela liberdade e pelos direitos do povo brasileiro. Que o nome de Honestino esteja onde sempre deveria estar, entre os heróis que lutaram por um Brasil justo e democrático”, completa a entidade.

No Projeto de Lei proposto pela UNE, Randolfe destaca que o militante “foi uma das figuras mais emblemáticas da luta estudantil e da resistência democrática durante os anos de repressão no regime militar brasileiro.”

Ao repassar também a luta da família, que teve o atestado de óbito emitido apenas em 2013, por meio da Comissão Nacional da Verdade, o senador defende a inclusão de Honestino no livro: “é, portanto, um ato de justiça histórica e de reconhecimento oficial da importância de sua trajetória na luta pela liberdade, pelos direitos humanos e pelo Estado democrático de direito no Brasil.”

Caso o projeto seja aprovado pelo Congresso Nacional, o nome do líder estudantil — que recebeu, no ano passado, o título póstumo de geólogo pela UnB (Universidade de Brasília) — acompanhará o de Zuzu Angel, outra militante contra a ditadura que já consta no livro.

Também já foi apresentado à Câmara projeto para a inclusão do nome de Eunice Paiva, que militou contra a repressão e teve sua história junto à do marido, Rubens Paiva, retratada no filme ‘Ainda Estou Aqui’, vencedor do Oscar.

Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Cinema

No último dia 10 de outubro, o filme Honestino estreou no Festival do Rio. A data é carregada de simbolismo, pois marca os 52 anos do seu sequestro e morte.

Previsto para chegar às salas de cinema comerciais no primeiro semestre de 2026, o filme ainda pode ser assistido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, com exibição na próxima terça-feira (28), no Reserva Cultura, Bela Vista (SP) — ingressos antecipados podem ser adquiridos pelo site.

Na primeira exibição na Mostra, na quarta-feira (22), o diretor Aurélio Michiles, o ator Bruno Gagliasso e outros artistas receberam o público no Espaço Petrobras de Cinema, Consolação (SP).

Cena do filme Honestino. Imagem: Luciana Melo/Divulgação

Estiveram presentes lideranças políticas e estudantis, entre elas ex-presidentas da UNE, Bruna Brelaz e Manuella Mirella, e a atual, Bianca Borges, que afirmou em suas redes: “Ver sua trajetória nas telas é lembrar que a luta pela democracia nunca termina, ela se renova em cada estudante que segue acreditando num país livre e justo. Honestino vive em cada bandeira levantada, em cada voz que se recusa a silenciar”.

Por sua vez, a entidade estudantil fez uma postagem em que ressalta a verdade sobre os estudantes perseguidos pela ditadura ao dizer que o filme “revive essa história e reafirma: a memória é uma forma de luta.”