Aldo Arantes é homenageado por cidade alagoana onde atuou na ditadura

O dirigente comunista e ex-deputado Aldo Arantes, do PCdoB, foi homenageado com a concessão do título de Cidadão Honorário de Pariconha, em Alagoas, cidade onde viveu em 1968 e atuou politicamente junto aos trabalhadores rurais antes de ser preso com a sua família pela ditadura militar.
“Lá fui preso com minha esposa, Maria Auxiliadora, e meus filhos, André, que tinha então 4 anos e Priscila, de 3 anos, que ficaram presos por quatro meses e meio. Naquele momento, também foi preso Gilberto Franco (dirigente da Ação Popular), sua esposa Rosa (Reis Teixeira) e a filha de 6 anos”, lembra Arantes, que naquela época também fazia parte da AP, reforçando o caráter desumano e arbitrário dos agentes do regime. “São retratos de um período sem democracia e cruel com os defensores das causas do povo, onde nem as crianças tinham plenos direitos”, salientou.
A homenagem, ocorrida na sexta-feira (16), foi uma indicação do vereador Erinaldo Pereira da Silva (Nadir) e contou com a presença de autoridades locais, entre as quais o próprio parlamentar e os prefeito de Pariconha, Antônio Telmo Noia, e de Delmiro Gouveia, Ziane Costa, além da ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Delaide Arantes.
“Aldo foi militante durante o regime militar na década de 1960, ao lado da Ação Popular e dos nossos guerreiros pariconhenses na luta pelos nossos direitos”, destacou o autor da homenagem.
Advogado e ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) eleito em 1961, Aldo Arantes teve de se exilar no Uruguai após o golpe de 1964, retornando em 1965. Em 1968, passou a viver na pequena cidade alagoana, onde dirigia uma escola de formação de quadros camponeses, sob o codinome de Roberto.
A região de Água Branca, da qual Pariconha era um distrito, vivia, naqueles anos, um momento de intensa mobilização de trabalhadores, sindicatos e cooperativas rurais, a exemplo de outras cidades nordestinas, influenciadas pelo líder camponês Francisco Julião, que atuava em Pernambuco.
Em Pariconha, Arantes acabou sendo preso. Seis meses depois, fugiu da prisão e foi morar em São Paulo. Com a incorporação da AP ao PCdoB, tornou-se militante do partido em 1972 e passou a fazer parte da sua direção, participando ainda hoje do Comitê Central.
Atualmente, Aldo Arantes é membro do Comitê Central do PCdoB e coordenador nacional da ADJC (Associação de Advogados e Advogadas pela Democracia, Justiça e Cidadania).
Domínio das mentes
Em sua passagem por Alagoas, Aldo Arantes ainda lançou, no dia 15, em Maceió, o livro “Domínio das Mentes: do Golpe Militar à Guerra Cultural”.
Na publicação, o autor explora o avanço da extrema direita no Brasil e no mundo, situando-o em um contexto histórico de guerra cultural. Utilizando-se da teoria de hegemonia de Antonio Gramsci, Arantes explica como a extrema direita exerce dominação ideológica, utilizando as think tanks, a mídia e as redes sociais.
No evento, Arantes destacou: “Precisamos entender que a batalha não se dá mais apenas nas ruas ou no parlamento. Hoje, quem controla os algoritmos controla a narrativa”.