Duas nações socialistas estão às voltas com desastres naturais que castigam o território, provocam perdas e ceifam vidas. Distantes 14 mil quilômetros entre si, Cuba e Vietnã só não passam por uma devastação ainda maior devido à ação planejada e eficiente de seus governos, liderados pelo Partido Comunista.

Os cubanos foram atingidos na madrugada desta quarta-feira (29) pelo furacão Melissa na categoria 3 da escala Saffir-Simpson – que mede a intensidade de furacões. A tempestade atlântica perdeu força, mas teve ventos de 185 km/h e rajadas de mais de 190 km/h. Seis províncias (Camagüey, Granma, Guantánamo, Holguín, Las Tunas e Santiago de Cuba) entraram em “estado de alerta”.

Mais uma vez, porém, o governo socialista se preparou exemplarmente para “o pior furacão no Atlântico em quase um século”. Até o momento, nenhuma morte foi registrada no país em decorrência do furacão – que, no entanto, matou ao menos 25 pessoas no Haiti, três na Jamaica e uma na República Dominicana. Segundo a ONU, o rastro de destruição deixado pelo Melissa alcançou “níveis sem precedentes”.

Diferentemente de Cuba, a Jamaica experimentou “a pior tempestade da história moderna”, conforme reportou o primeiro-ministro Andrew Holness ao detalhar o estado de calamidade pública no país. O Melissa atingiu a costa oeste jamaicana na terça-feira (28) como categoria 5 (o nível máximo de intensidade), com ventos de até 300 km/h e ondas de 4 metros. Impactos como alagamentos, destruição de casas e blecautes prejudicaram 1,5 milhão de pessoas – mais da metade da população da Jamaica, que é de 2,8 milhões.

Além da intensidade menor, os cubanos se beneficiaram do bem-sucedido plano de contingência do governo Miguel Díaz-Canel, que preparou a população de modo preventivo. Em rede nacional, o presidente se dirigiu aos “queridos compatriotas do leste de Cuba, onde Fidel desafiou o perigoso furacão Flora e nos ensinou para sempre como nos comportar para proteger a vida”.

“Peço que estejam atentos, sejam solidários e não se esqueçam da disciplina diante das ameaças. Nós venceremos”, afirmou Díaz-Canel. De acordo com o Granma (órgão oficial do Partido Comunista de Cuba), “não houve perda de tempo na preparação para a tempestade”, e cerca 735 mil pessoas foram evacuadas para abrigos.

O governo cubano também investiu “na implementação de planos de evacuação para áreas de risco, na proteção de recursos, na segurança de instituições de saúde, no fornecimento de equipamentos de resgate e na preparação do sistema hidráulico para lidar com grandes escoamentos”. Ainda assim, o governo lembrou que “nunca é possível prever tudo” – e que “há circunstâncias não descritas nos protocolos que podem ser evitadas, pois, uma vez que um furacão chega, muito pouco pode ser feito.

A comoção em torno dos impactos do furacão Melissa levou até a administração Donald Trump a, surpreendentemente, se solidarizar com os cubanos. “Estamos preparados para oferecer ajuda humanitária imediata ao povo de Cuba afetado pelo furacão”, tuitou, no X, o Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.

Vietnã

Do outro lado do mundo, no Sudeste Asiático, as inundações foram causadas não por um furacão – mas, sim, por chuvas extremas. Ao longo da semana, a tempestade inundou mais de 100 mil residências e deixou sete mortos no centro do Vietnã, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente.

As chuvas começaram no domingo (26) e, em 24 horas, atingiram a marca recorde de 1.700 milímetros. As províncias próximas ao litoral são as mais atingidas. O governo contabiliza nove pessoas mortas, cinco desaparecidas e 21 feridas. Houve mais de 150 deslizamentos de terra, 2.200 hectares de cultivos destruídos e ao menos 103.525 casas inundadas. O governo isolou dez comunas.

Um relatório do Departamento de Gestão de Diques e Prevenção de Desastres Naturais do Centro Nacional de Previsão Hidrometeorológica, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, indicou números alarmantes da “grande enchente”. Segundo o órgão, o nível da água do rio Thu Bom, em Da Nang, na estação Cau Lau, atingiu o pico histórico de 5,62 m às 2 horas da manhã desta quinta-feira (30). O recorde anterior fora registrado em 1964.

O governo vietnamita, a exemplo do cubano, teve uma postura altiva diante da tragédia climática. Mais de 21 mil pessoas foram deslocadas para áreas seguras, o que evitou um número maior de perdas. A preocupação central agora, com a redução das chuvas, está no controle dos rios – que, conforme o governo, estão em “níveis preocupantes”.

Segundo a CNN, que cita a agência governamental de previsão do tempo, “as fortes chuvas continuarão no centro do país nos próximos dois dias, com precipitação em algumas áreas permanecendo acima de 400 milímetros desde o início da quarta-feira até o final da quinta-feira”. Na cidade de Hue, relíquias históricas ficaram submersas a até 2 metros de profundidade.

A tragédia é a segunda em menos de um mês no Vietnã. Em 29 de setembro, o tufão Bualoi provocou oito mortes, destruição de casas, cortes de energias elétricas e alagamento de estradas. Nos dois casos, o governo socialista se destacou pela assistência às vítimas, sobretudo na distribuição de alimentos para os desabrigados. O site Vietnam.Vn explicou a ação desta semana: “A aeronave Casa 295 de número 8902 da 918ª Brigada Aérea de Transporte transferiu quase 6 toneladas de alimentos secos do aeroporto militar de Gia Lam para o aeroporto de Da Nang, entregando-os à Região Militar 5 para fornecer ajuda às áreas gravemente afetadas pelas inundações em Da Nang e Hue”.