Luciana Santos: “PCdoB mais organizado para intervir nos próximos anos”
A presidente nacional licenciada do PCdoB, Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação no governo Lula fez um balanço da atuação do Partido em 2025 e apontou as prioridades para o ano que vem.
Leia a entrevista:
PCdoB – Qual o principal avanço organizativo do PCdoB em 2025, com a mobilização de mais de 42 mil militantes e a conquista de novos filiados?
Luciana Santos – A intensa mobilização política e organizativa, evidenciada pela participação de mais de 42 mil militantes nas conferências municipais e estaduais, demonstra crescimento de engajamento e vitalidade interna. A campanha de filiações impulsionou novos membros, fortalecendo a estrutura de base e renovando quadros para os desafios eleitorais e sociais, refletindo maior capilaridade e capacidade de atuação territorial. O 16º Congresso foi um marco de 2025, ao lado da atuação incansável da nossa bancada no Congresso Nacional e da contribuição no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, onde conseguimos colocar a ciência no centro do desenvolvimento nacional.
PCdoB – Qual balanço faz do Congresso do Partido como fator mobilizador e formulador de estratégias?
Luciana Santos – O 16º Congresso cumpriu papel decisivo como grande fator de mobilização política e espaço qualificado de formulação estratégica. Foi um processo que envolveu a militância desde a base, fortaleceu a unidade partidária, renovou a direção e atualizou as linhas políticas diante de uma conjuntura complexa, marcada pela defesa da democracia e pelos desafios do desenvolvimento nacional. O Congresso permitiu afirmar nossas prioridades: o apoio ao governo Lula, a preparação para as batalhas eleitorais de 2026, o aprofundamento da luta ideológica e a reafirmação do socialismo como horizonte histórico, traduzido em propostas concretas para o Brasil de hoje.
PCdoB – Como avalia a intensificação do debate sobre o socialismo, especialmente a experiência chinesa?
Luciana Santos – O PCdoB segue atualizando o debate sobre socialismo, colocando a atualização do programa político como tarefa estratégica e articulando a experiência internacional — incluindo a China — como referência para reflexão e aprendizado. Esse debate fortalece a formação teórica dos militantes e contribui para posicionar o Partido num cenário mundial de crise capitalista e desafios geopolíticos, reforçando a alternativa socialista como horizonte de longo prazo.
PCdoB – Como avalia as principais vitórias do governo Lula em 2025 e a contribuição do PCdoB?
Luciana Santos – As vitórias expressam reconstrução social, fortalecimento do Estado e defesa da soberania nacional. Destaca-se a política de justiça tributária, com a isenção do Imposto de Renda para rendas de até R$ 5 mil, pauta historicamente defendida pelo Partido. No campo da soberania, o governo enfrentou pressões externas e tentativas de constrangimento internacional com postura firme em defesa dos interesses nacionais. Soma-se a isso a retomada da reindustrialização e inovação, áreas em que o Partido contribuiu com formulações, quadros técnicos e apoio político à Nova Indústria Brasil.
PCdoB – Qual contribuição se pode esperar do PCdoB para um Plano de Desenvolvimento da Indústria Nacional em 2026?
Luciana Santos – O Partido entende que o desenvolvimento industrial é um eixo importante para superar desigualdades estruturais. Para 2026, defendemos um plano que articule fortalecimento da indústria nacional, política de inovação e ampliação da capacidade exportadora em bases competitivas. Essa contribuição passa por incorporar as demandas dos trabalhadores e setores produtivos, ao mesmo tempo em que se aprofundam cooperações internacionais capazes de impulsionar uma industrialização inteligente, sustentável e alinhada aos interesses nacionais.
PCdoB – Qual balanço faz da luta em 2025 contra o trabalho precarizado e das políticas para 2026?
Luciana Santos – A luta contra a precarização ocupou lugar central na agenda. Estivemos presentes em mobilizações que questionam jornadas extenuantes, como o regime 6×1, e defendemos a redução da jornada semanal sem redução de direitos. Para 2026, essa luta deve se aprofundar com políticas que garantam proteção efetiva aos trabalhadores, enfrentem a pejotização e a terceirizaçãopredatória, fortaleçam as convenções coletivas e ampliem programas de qualificação.
PCdoB – Como avalia o empenho da bancada do PCdoB em 2025 e as estratégias para expansão em 2026?
Luciana Santos – A bancada teve atuação marcada pela defesa firme da democracia e apoio a pautas progressistas no Congresso Nacional. Parlamentares atuaram de forma articulada com forças aliadas, contribuindo para a estabilidade política e institucional do país. Para 2026, o foco é ampliar a representação parlamentar, consolidar lideranças eleitorais e fortalecer a presença do Partido nos espaços de decisão legislativa, ampliando sua capacidade de incidência política.
PCdoB – De que forma a Federação Brasil da Esperança fortaleceu o Partido em 2025?
Luciana Santos – A participação na Federação é vista de forma positiva, pois contribuiu para fortalecer a unidade do campo progressista sem abrir mão da identidade política e ideológica do Partido. A Federação ampliou a capacidade de articulação com aliados, facilitou a convergência em torno de propostas democráticas, sociais e soberanas e reforçou a atuação conjunta em um cenário político complexo.
PCdoB – Como o PCdoB contribuiu para a vitória da democracia contra o golpismo em 2025?
Luciana Santos – O PCdoB teve papel ativo e consequente na defesa do Estado democrático de direito. O Partido esteve na linha de frente do enfrentamento às tentativas golpistas, rejeitando qualquer forma de ruptura institucional e combatendo narrativas autoritárias. Essa atuação contribuiu para consolidar um amplo campo democrático em defesa das liberdades e da legalidade constitucional.
PCdoB – Qual balanço faz sobre a soberania nacional como questão estratégica e as implicações políticas em 2025?
Luciana Santos – A soberania nacional é tratada como questão central. O PCdoB reafirma a necessidade de um projeto nacional de desenvolvimento que preserve a autonomia do país e defende o multilateralismo contra o hegemonismo dos Estados Unidos. Esse posicionamento reforça o apoio ao governo Lula como liderança capaz de enfrentar pressões externas e reposicionar o Brasil como ator relevante, soberano e democrático.
PCdoB – Qual o balanço do PCdoB na questão da segurança pública em 2025?
Luciana Santos – Defendemos uma abordagem que combine o combate efetivo ao crime organizado com a defesa intransigente dos direitos humanos e do direito à vida. Sustentamos a necessidade de políticas baseadas em inteligência, prevenção e reformas estruturais, rejeitando soluções autoritárias ou violentas que aprofundam desigualdades e violações de direitos.
PCdoB – Por fim, no balanço geral de 2025, quais as perspectivas diante da conjuntura internacional e quais fatores de mobilização social devem guiar o PCdoB rumo ao socialismo?
Luciana Santos – O balanço é amplamente positivo, com fortalecimento organizativo, unidade interna e clareza estratégica. A defesa da democracia, soberania nacional, direitos trabalhistas e justiça social constituem a base para impulsionar lutas futuras. Defendemos o fortalecimento dos BRICS e de organismos multilaterais como a ONU e OMC, procurando democratizá-los, afirmando o socialismo como horizonte adequado à realidade brasileira.




