Desde a volta de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, em 2023, as taxas de desigualdades caíram no Brasil em diversas áreas. É o que aponta o Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades – 2025, divulgado nesta quarta-feira (27).

Os avanços, porém, não tiram do País a condição de uma das nações mais desiguais do Planeta, sobretudo na questão da renda. Em 2024, conforme o estudo, o rendimento médio real de todas as fontes teve um crescimento de 2,9% em relação a 2023, atingindo R$ 3.066. Mesmo assim, as mulheres recebem, em média, apenas 73% do rendimento médio dos homens.

O ponto positivo é que as mulheres negras, historicamente no último degrau em termos de renda, foram as que tiverem um crescimento maior, de 5,2%, ante 3,0% de avanço entre homens não negros. “Esse resultado representa um sinal positivo de valorização, ainda que insuficiente diante das desigualdades estruturais”, reforça a pesquisa.

A concentração de renda é outra chaga crônica e estrutural. Segundo o Observatório, “o 1% mais rico ganhou, em média, 30,5 vezes mais que os 50% mais pobres, com a maior disparidade no Nordeste (32,0)”. O estudo também aponta que, no biênio 2017-2018, “as famílias 10% mais pobres destinaram 26,4% de sua renda ao pagamento de impostos, contra 19,2% das famílias 10% mais ricas”.

A conclusão é clara: no Brasil, o sistema tributário “aprofunda o problema” da renda: “A alta carga de tributos indiretos torna o perfil tributário brasileiro altamente regressivo, penalizando proporcionalmente mais os mais pobres”. Em conjunto, essas desigualdades afetam “desde o acesso à educação até a participação política e as taxas de mortalidade”.

O sistema carcerário não foge à regra: “Na população prisional, apesar das regiões Sul e Sudeste registrarem menor participação da população negra, elas concentram maiores desigualdades relativas, com maior população negra presa”.

A despeito do cenário de más notícias, o estudo destaca avanços recentes, frutos das políticas publicas retomadas ou instituídas no governo Lula 3:

  • “Queda de 41,3% na área desmatada no Brasil, entre 2022 e 2024. As emissões de CO² também caíram”
  • “Entre 2022 e 2024, o percentual de crianças de 0 a 3 anos que frequentam creches subiu de 30,7% para 34,6%”
  • “A taxa de escolarização líquida do Ensino Médio cresceu de 71,3%, em 2022, para 74,0% em 2024”
  • “No Ensino Superior, a taxa passou de 20,1% para 22,1% no mesmo período”
  • “O rendimento médio de todas as fontes cresceu 2,9% em 2024”
  • “A taxa de desocupação atingiu 6,6%, uma redução de -1,2 p.p. em relação a 2023”
  • “Em 2024, os 1% mais ricos do país tinham um rendimento médio 30,5 vezes superior aos 50% mais pobres, um pouco menor que em 2023 (32,9 vezes)”
  • “A proporção de pobres reduziu em 23,4% em 2024, segundo critério estabelecido pelo Programa Bolsa Família”
  • “A taxa de homicídio registrado de jovens entre 15 e 29 anos (por 100 mil habitantes) apresentou queda entre 2021 e 2023 (de 49,7% para 45,8%)”

O estudo conclui que 25 indicadores registram avanços nos últimos anos, “com destaque para os indicadores relacionados ao meio ambiente e ao trabalho”. Três índices (“relacionados à saúde e a condições de moradia”) apresentaram retrocessos. Além disso, oito indicadores não tiveram mudanças significativas, apresentando avanços “de forma restrita e lenta”.