foto: J Lee Aguiar

O 16º Congresso do Partido Comunista do Brasil ouviu neste sábado (18), o relatório final, que sintetiza as discussões dos quatro grupos de discussão sobre o Projeto de Resolução do Partido. Foram feitas 106 intervenções. O que revela a vitalidade da democracia interna, a coerência programática e o compromisso coletivo com o socialismo e a soberania nacional.

Reunindo delegadas e delegados de todas as regiões do país,  o encontro reafirmou o papel do PCdoB como força organizada, enraizada nas lutas do povo e capaz de interpretar o momento histórico sob a luz do marxismo-leninismo.

Convergência e democracia partidária

As intervenções evidenciaram uma ampla convergência em torno do projeto de resolução política —resultado de um processo de elaboração coletiva que envolveu organismos de base, conferências municipais e estaduais, seminários e o Comitê Central.

As falas reforçam os pontos centrais do documento, sugerindo aprofundamentos e emendas pontuais, em um ambiente de alto nível político.

Grandes temas em debate

O relatório organiza as contribuições em três eixos centrais: a questão internacional, a questão nacional e o papel do partido.

Questão internacional: soberania, paz e solidariedade

Os debates internacionais reafirmaram o compromisso do PCdoB com a luta anti-imperialista, a solidariedade entre os povos e a construção de uma nova ordem mundial multipolar.

Destacou-se a importância da integração latino-americana e caribenha, da reconstrução de mecanismos como a UNASUL e do fortalecimento dos BRICS.

Também  manifestou solidariedade ao povo palestino, denunciando o genocídio e reafirmando a defesa da autodeterminaçãoda Palestina. E foi ressaltado o papel da China socialista como referência contemporânea de desenvolvimento econômico e redução das desigualdades, além de reafirmar o internacionalismo proletário como valor permanente da identidade comunista.

Questão nacional: soberania e desenvolvimento independente

A defesa da soberania nacional emergiu como eixo estratégico das discussões. As delegações ressaltaram que o Brasil precisa retomar um projeto nacional de desenvolvimento capaz de combinar crescimento econômico, justiça social e independência tecnológica.

O relatório aponta como prioridades a reindustrialização do país, o fortalecimento do papel do Estado, a revogação da autonomia do Banco Central e a redução da taxa de juros. Propõe ainda a ampliação do investimento público em ciência, tecnologia e inovação, como caminho para a soberania digital e a regulamentação das plataformas.

O debate ambiental também ganhou destaque: a Amazônia foi tratada como parte estratégica do projeto nacional, unindo preservação, tecnologia e valorização das populações locais. Propôs-se a realização de um Encontro Nacional sobre Meio Ambiente e Marxismo e o protagonismo do partido na COP 30.

As mudanças no mundo do trabalho também foram tema de preocupação, com ênfase na valorização do emprego, combate à precarização e defesa da redução da jornada sem redução salarial.

O Partido: presença popular e luta de ideias

No campo organizativo, o relatório dos grupos de discussão destacou a necessidade de revigorar a presença popular do PCdoB, fortalecendo comitês municipais e organismos de base como expressão concreta da ligação do partido com o povo.

A comunicação foi tratada como dimensão estratégica da luta política, com a proposta de construir um Sistema Nacional de Comunicação Partidária, integrando instrumentos impressos, digitais e redes sociais.

A formação política e a luta de ideias foram reafirmadas como pilares da ação comunista, combinando  a atuação institucional e o trabalho de massas. O debate também abordou o diálogo com o campo religioso, especialmente com o segmento evangélico, como espaço de disputa de valores e narrativas.

O relatório destacou as lutas emancipacionistas — feminista, antirracista, anticapacitista e em defesa da diversidade sexual e de gênero — como parte constitutiva da luta socialista, propondo a criação de coletivos e secretarias específicas.

Outros pontos enfatizados foram o papel estratégico da juventude, a necessidade de criar uma fração de cientistas comunistas, e a incorporação da saúde e qualidade de vida à agenda política e sindical do partido.

Unidade e confiança na linha política

O relatório aponta  o alto nível das discussões e o espírito de unidade que marcou as discussões nos grupos do 16º Congresso.

O processo reafirmou a autoridade política e teórica do PCdoB, sua coerência ideológica e sua capacidade de orientar a ação transformadora do partido diante dos desafios nacionais e internacionais.

O saldo é de unidade, confiança e clareza de rumos: o PCdoB segue firme como força organizada, comprometida com o desenvolvimento soberano do Brasil, a democracia e a transformação rumo ao socialismo.