“O Futuro tem Partido” chega à UnB com debate sobre solidariedade internacional e novo mundo multipolar

No coração político e simbólico do país, a Universidade de Brasília (UnB) foi palco de mais uma etapa do ciclo de debates “O Futuro tem Partido”, iniciativa da Secretaria de Juventude do PCdoB que vem mobilizando centenas de jovens em todas as regiões do Brasil. O encontro, realizado no Ceubinho, no ICC Norte, teve como tema “Solidariedade entre os povos na construção de um mundo justo e multipolar” e reuniu lideranças políticas, acadêmicas e diplomáticas para discutir os desafios da geopolítica contemporânea sob a ótica do internacionalismo solidário.
Mais do que sede do debate, a UnB foi tratada como protagonista. Fundada em 1962 por Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, em plena efervescência de um projeto nacional de desenvolvimento e emancipação, a universidade se tornou um dos principais centros de pensamento crítico e resistência do país. Foi ali que estudantes e professores enfrentaram com coragem os anos de chumbo da ditadura militar, sustentando a defesa das liberdades democráticas, do ensino público e da produção científica voltada para o interesse nacional.
O evento foi mediado por Caio Fiuza, presidente da UJS no Distrito Federal e, antes da abertura da mesa, o público foi saudado por João Vicente Goulart, presidente do PCdoB no Distrito Federal. Ele destacou a importância do debate em meio ao atual cenário e reafirmou o papel histórico da UnB como trincheira de resistência democrática e formadora de pensamento crítico no país.
Na sequência, Laura Costa, secretária de Juventude do PCdoB-DF, fez um chamado à organização da juventude comunista. Em sua fala, convidou os presentes à filiação partidária, destacando que o futuro precisa de coragem, projeto e compromisso coletivo. “Se o futuro tem partido, é hora de a juventude ocupar esse espaço com ideias e ação. O PCdoB está de portas abertas.”
A secretária de Relações Internacionais do PCdoB, Ana Maria Prestes, abriu as falas da mesa com uma intervenção marcada pela esperança e pelo papel organizador da política: “O futuro tem partido e o futuro será de paz e solidariedade entre os povos.” Em seguida, destacou o papel do partido na construção de alternativas concretas para o Brasil e para o mundo: “O PCdoB é um partido que acredita em um futuro de emancipação, desenvolvimento, justiça social e solidariedade. Nossas bandeiras em defesa do povo cubano e palestino estarão erguidas bem alto no 16º Congresso.”
O embaixador de Cuba no Brasil, Adolfo Curbelo Castellanos, trouxe o exemplo concreto da solidariedade como prática transformadora. “A prática da solidariedade é uma forma de transformar a realidade. Por exemplo, no caso da saúde, é possível compartilhar médicos com muitos países do mundo, inclusive com o Brasil. Na pandemia, brigadas médicas cubanas ajudaram muitos países, alguns deles europeus. Muitos médicos da América Latina se formaram na Escola Latino-Americana de Medicina, inclusive quase mil brasileiros. É importante praticar a solidariedade.” Na sequência, reafirmando os princípios que orientam a política externa cubana, acrescentou: “Cuba defende a solidariedade latino-americana e acreditamos que nós podemos encontrar soluções próprias para nossos próprios problemas.”
Encerrando as falas da mesa, o professor Elias Jabbour, presidente do Instituto Pereira Passos, destacou com contundência: “A defesa da Revolução Cubana e a solidariedade com a própria existência de Cuba enquanto experiência socialista, sob cerco permanente, demonstra a superioridade do socialismo. Se não fosse a Revolução Cubana, ninguém estaria aqui. Ela tem papel fundamental na vida de cada militante na América Latina e, portanto, no Brasil.” Em sua segunda intervenção, Jabbour ampliou o horizonte teórico do debate: “O socialismo é a essência de nossa existência. É por isso que estudamos com afinco e seriedade a experiência chinesa, porque ela entrega muitas respostas para uma possível forma política que entendemos pode ter o Brasil, sem modelos, mas o estudo é essencial para a construção de novos conceitos, categorias e teorias que nos capacitem a entender aquela realidade e construir uma visão de socialismo.”






Mais de 300 pessoas acompanharam o debate, que ocorreu em um espaço não convencional para esse tipo de atividade: o Ceubinho. Ao sair do lugar comum dos auditórios fechados e optar por um ambiente aberto, informal e coletivo, o debate recuperou uma dimensão simbólica poderosa. O Ceubinho, tradicional ponto de convivência e militância na UnB, foi palco de assembleias históricas, manifestações e atos públicos desde os anos de resistência à ditadura até as lutas contemporâneas em defesa da universidade pública.
A UnB, que não se avermelhava com tanta força há tempos, foi tomada por bandeiras, faixas, panfletos, camisetas e palavras de ordem que reafirmaram a atualidade do socialismo e da luta internacionalista entre os povos.
Ao final da mesa, foi aberta a oportunidade para cinco perguntas do público. Estabeleceu-se um diálogo direto entre os participantes e os debatedores, permitindo a troca de ideias, esclarecimentos e aprofundamentos que enriqueceram ainda mais o encontro.
A etapa de Brasília deu continuidade ao percurso nacional do ciclo “O Futuro tem Partido”, que já passou por Belém, Porto Alegre e São Paulo, sempre com o objetivo de aproximar a juventude das ideias socialistas, da defesa da soberania nacional e da construção de uma nova ordem internacional baseada na justiça e na cooperação entre os povos.
A escolha da UnB para essa etapa não foi casual. A universidade representa um símbolo do Brasil que pensa, resiste e sonha. Ao debater os rumos do mundo no campus onde tantas gerações se formaram para a luta, o ciclo reafirma seu compromisso com a construção de um novo tempo, mais justo, solidário e multipolar.