Movimentos encontram Lula, destacam isenção no IR e cobram redução da jornada
Lideranças de entidades que estão à frente do Plebiscito Popular 2025 tiveram audiências nesta quinta-feira (1º/10), em Brasília, com os presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da Câmara Federal, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). As agendas ocorreram no mesmo dia em que a comitiva foi à Câmara para acompanhar a votação do Projeto de Lei Nº 1087/25 – o PL do Imposto Zero.
Iniciado em 1º de julho, o Plebiscito vai coletar votos até 12 de outubro. Uma de suas pautas centrais é justamente a isenção no pagamento do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês. O projeto, aprovado por unanimidade pelos deputados, atende também a outra reinvindicação dos movimentos sociais – a taxação dos mais ricos, que recebem ao menos R$ 50 mil mensais.
Igor Felippe, da coordenação nacional do Plebiscito, entregou a Lula uma placa que certifica a marca de 1,5 milhão de assinaturas já coletadas apenas na modalidade virtual. Há, ainda, mais de 10 mil urnas físicas para votação presencial em todos os estados brasileiros.
“Este é o sétimo plebiscito popular que nós realizamos na história do nosso país”, afirmou Igor. Segundo ele, além da justiça tributária, o Plebiscito promove um debate nacional em defesa da redução da jornada de trabalho e do fim da escala 6×1. “Aqui, presidente Lula, está o conjunto das forças populares, do movimento sindical, do movimento estudantil, do movimento popular, das organizações da igreja, das entidades da sociedade civil, da juventude.”
Lula elogiou a iniciativa das entidades em levar pautas relevantes para a sociedade. “Não é apenas o sonho de conquistar uma coisa a mais para o povo trabalhador – mas é fazer com que a conquista seja resultado da participação da população, para ela saber o que está em jogo”, disse o presidente.
Ao abordar a redução da jornada, Lula voltou a enfatizar a importância de uma mobilização crescente em torno dessas lutas. “Vocês encontraram um outro jeito de fazer novas lutas aqui nesse país. É muito importante que a gente coloque o povo para participar das coisas que é preciso conquistar”, afirmou.
Na visão de Lula, “esse plebiscito, simbolicamente, é muito importante. É um processo de conscientização, sobretudo em uma época política em que a democracia está correndo risco, em que o extremismo conservador tem crescido em várias partes do mundo, em que o negacionismo tem criado corpo no mundo inteiro, em que as pessoas querem desvalorizar o multilateralismo.
Após a cerimônia, Lula falou bilateralmente com alguns representantes dos movimentos sociais. Foi o caso de Ubiraci Dantas de Oliveira, o “Bira, vice-presidente nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). “Levei ao presidente questões que a CTB considera centrais, como a luta pelo crescimento e pelo desenvolvimento. Em nome da nossa central, solicitei uma audiência para levarmos nossas contribuições”, declarou Bira.
Bianca Borges, presidenta da UNE (União Nacional dos Estudantes), entregou a Lula uma carta de reivindicações “para o fortalecimento da educação superior, da ciência nacional e da soberania brasileira”. De acordo com Bianca, o presidente se comprometeu em receber o movimento estudantil e deu atenção especial a duas propostas: a remodelação do Projeto Rondon Urbano / Milton Santos e a criação da Universidade da Integração Amazônica (UniAmazônica).
Márcia Viotto, da direção nacional da UBM (União Brasileira de Mulheres), representou o movimento feminista – que estava em peso em Brasília para participar da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (CNPM). “Manifestei ao presidente Lula nossa preocupação com pautas do nosso movimento, como os índices ainda elevados de violência contra as mulheres e, especialmente, de feminicídios”, disse Márcia.
O encontro com Lula ocorreu no início da tarde. Pela manhã, os movimentos entregaram o resultado do Plebiscito ao presidente da Câmara. Na reunião com Hugo Motta, Igor Felippe informou tratar-se da “principal iniciativa das forças populares em 2025”. Parlamentares e dirigentes partidários também participaram das duas audiências.