Participação feminina: mulheres serão 50% do Comitê Central do PCdoB

De forma inédita em seus 103 anos de história, o PCdoB elege, no seu 16º Congresso, um novo Comitê Central com 50% de mulheres e 50% de homens. A paridade de gênero é consequência de uma diretriz aprovada no 15º Congresso, em 2021.
A proposta de direção com os nomes de 74 mulheres foi apresentada por Nádia Campeão, secretária nacional de Organização do Partido. Além delas, os delegados puderam indicar mais oito mulheres para compor a nominata final, votada neste domingo (19).
Para Nádia, a paridade é necessária e justa: “Vai render bons frutos no futuro. Ainda há muita energia represada na atuação das camaradas, por vários fatores que dificultam a atuação política das mulheres no geral”.
A busca pela equidade de gênero, bem como a luta contra todo tipo de desigualdade e preconceito, consta do projeto de resolução política, que serve de base para os debates do Congresso.
Confira a opinião de algumas delegadas ao Congresso sobre a decisão:
“Nós, mulheres, lutamos para isso, e hoje a gente conseguiu essa igualdade, essa equidade das mulheres no partido. A luta é coletiva, ela é conjunta e a luta não tem divisão. Juntamente com o partido e outras camaradas temos buscado espaço e protagonismo para fazer a luta política. Quem sofre nos territórios somos nós, mães, que temos nossos filhos mortos e o partido tem tido um papel importante de ajudar, de fortalecer essas mães e dar espaço para fazermos a luta.”
Samêhy Pataxó – Presidenta da Associação de Mulheres Indígenas do Extremo Sul da Bahia
“A luta pela participação das mulheres nos espaços de poder é desafiadora. A gente precisa lutar nos espaços funcionais, nos movimentos sociais e isso perpassa também os espaços do partido. O PCdoB sempre foi referência, tanto por ter colocado pela primeira vez uma mulher na presidência, como por ter sua bancada de maioria feminina. E a gente tinha esse desafio de conseguir paridade na sua direção. Então, é um momento histórico que nos orgulha e nos incentiva a trazer mais mulheres, a convencê-las de que política também é coisa de mulher e é o lugar que a gente deve estar presente e contribuir, porque a revolução será feminista ou não será.”
Déborah Irineu – Secretária de Formação e Propaganda do PCdoB-BA
“A questão da paridade, agora exercida pelo PCdoB nacionalmente, vai caminhar como uma indicação para os estados e municípios e isso coloca a participação das mulheres em outro patamar. Não apenas como dirigentes ocupando mais espaços de direção, mas sobretudo forçando para que as políticas se amplifiquem e atuem junto às mulheres como um impulsor para que essa mulher possa ser uma parlamentar, possa dirigir com mais propriedade e estar em cargos institucionais, inclusive cargos que muitas vezes são visualizados para homens.”
Vanja Andréa Santos – Presidenta da UBM (União Brasileira de Mulheres)
“O ambiente hoje, nos marcos do capitalismo, é muito hostil a recepcionar as mulheres na política, no espaço público, nos espaços de participação. Na medida que o PCdoB coloca uma porta, está destravando uma barreira das muitas que a gente enfrenta para promover essas mulheres. E isso vai desencadear um processo de valorização das mulheres em toda a cadeia de atuação política. O PCdoB está na vanguarda dessa política.”
Flávia Calé – Ex-presidenta da ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos)
“É um avanço na compreensão do Partido de que as mulheres têm que estar incluídas nesse espaço de poder. Isso precisa se repetir não só nas direções estaduais e municipais, mas também nas instituições que nós dirigimos – seja no movimento sindical, no movimento estudantil, no movimento de moradia. Acredito que o PCdoB, tomando essa decisão, vai influenciar os nossos camaradas que estão à frente das instituições a levar essa política de equidade não só no discurso, mas também na prática.”
Raimunda Leone – Dirigente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e da Fitmetal (Federação Nacional dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil)
“Precisamos considerar a paridade não apenas como um dispositivo de inclusão das mulheres nos espaços de poder, mas entender que atuamos em uma perspectiva de reparação histórica. É preciso debater a necessidade de enfrentar a violência de gênero que ainda encontramos dentro dos partidos e na sociedade. Precisamos avançar nessa discussão nas direções estaduais e municipais, não há perspectiva de consolidar a democracia sem as mulheres.”
Dani Costa – Secretária Nacional da Mulher do PCdoB
“A decisão do Comitê Central de adotar a paridade de gênero é assertiva no sentido de fazer justiça à própria formulação do Partido. Também para incentivar as demais instâncias do PCdoB a trabalhar nessa perspectiva de mais mulheres na política, e de fato alcançar uma paridade não apenas por cotas, mas pelo próprio exercício.”
Fafá Viana – Dirigente do PCdoB-RN
“A paridade na direção do Partido é fundamental para que mais mulheres estejam discutindo a política no dia a dia. Quando se decide pela paridade, uma parte do partido que sempre esteve presente mas que não estava nas direções é contemplada. O PCdoB só ganhou com essa decisão.”
Mariete Costa – Vice-presidenta do PCdoB-DF
“A paridade é fruto de um processo coletivo de escuta, formação e mobilização. Porque a luta feminista não está à parte: ela é parte essencial da luta de classes, da construção de um Brasil mais justo e igual. Ainda há muito por fazer — e é por isso que o PCdoB reafirma seu compromisso com mais políticas públicas, mais direitos e mais conscientização social.”
Joanne Mota – Secretária da Mulher do PCdoB São Paulo (SP)
“O PCdoB é um partido que sempre valorizou a participação das mulheres nos espaços políticos e de poder. A paridade é consequência dessa compreensão e esperamos que influencie os convites estaduais e municipais e que também abra outros espaços, eleitorais e institucionais, para as mulheres.”
Valéria Morato – Presidenta da CTB Minas