Deportado relata crueldades de agentes dos EUA contra brasileiros no avião
Luiz Fernando Costa, de 40 anos, brasileiro que foi deportado pelos Estados Unidos, contou ter sido enforcado por um agente dos EUA e presenciado violências contra outros brasileiros que estavam no voo.
A PF já colheu depoimentos em uma “investigação preliminar” sobre as agressões e violações de direitos dos agentes dos EUA contra os brasileiros deportados.
O montador de móveis, que estava nos Estados Unidos desde 2023, disse que as agressões ocorreram já em território brasileiro, quando a aeronave pousou em Manaus por um problema no ar-condicionado.
Neste momento, os brasileiros que estavam sendo deportados algemados e acorrentados dentro do avião começaram a tentar chamar a atenção dos agentes da Polícia Federal do aeroporto para que fossem libertados.
Luiz Fernando Costa contou que tentou se juntar a outra brasileira para gritarem juntos para os policiais federais, quando foi enforcado por um dos agentes dos Estados Unidos começou a enforcá-lo.
“A gente estava tentando gritar para os agentes da Polícia Federal de fora do avião, para que pudessem nos salvar”, disse.
Os agentes “botavam o pé para [o brasileiro] cair, vi eles empurrando pessoas algemadas, dando mata-leão”, continuou.
Os agentes da Polícia Federal, ao verem a situação na qual os brasileiros estavam sendo algemados, exigiram a libertação deles da aeronave norte-americana. Os brasileiros foram acolhidos pela PF e transportados pela Força Aérea Brasileira (FAB) até Belo Horizonte.
Segundo Luiz Fernando Costa, o ar-condicionado do avião estava quebrado desde antes da parada no Panamá.
“O ar-condicionado estava quebrado, a gente estava quase sufocando de calor. Quando eles pararam no Panamá, ficamos dentro do avião por umas quatro horas suando e sem conseguir respirar”, informou.
As autoridades brasileiras que os tiraram do avião dos EUA “salvaram as nossas vidas”, disse Fernando. “Quase morremos”, relatou o brasileiro se referindo também às péssimas condições do avião.
Essa foi a segunda vez que Fernando foi deportado dos Estados Unidos. Na primeira, em 2006, quando foi pego tentando entrar nos Estados Unidos sem a documentação necessária, a deportação ocorreu em voo comercial e sem algemas.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, avalia que os Estados Unidos desrespeitaram “os direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”.
“Cidadãos brasileiros contra os quais nada pesava criminalmente, ao pisar em solo brasileiro, estavam sob a proteção de tratados internacionais, da Constituição, da súmula 11 do STF [Supremo Tribunal Federal], e da portaria do MJ sobre uso progressivo da força, que também tem artigo sobre algemas”, disse em nota.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou não haver “á justificativa para que pessoas que não são presidiários, que não oferecem risco nenhum, que estão no seu próprio País, estarem acorrentadas, e ali subjugadas e maltratadas”.
Fonte: Página 8