Os Estados Unidos vivem uma efervescência do movimento estudantil universitário. Em protesto contra o genocídio de Israel contra palestinos na Faixa de Gaza, estudantes têm desafiado o establishment norte-americano e intensificado as ocupações em faculdades e universidades de todo o país.

No fim de semana, a polícia prendeu mais de 350 pessoas em todo o país, numa tentativa de demonstrar força para responder à opinião pública – ainda majoritariamente pró-Israel. Desde o final de março, já são mais de mil presos.

O caso da Universidade de Columbia sobressai porque, além de ter sido uma das primeiras instituições ocupadas, seu campus em Nova York simboliza a resistência do movimento Apartheid Divest (Desinvestimento do Apartheid). Cerca de 15 mil alunos estão matriculados em Columbia.

O grupo exige que a universidade pare de receber fundos ligados a Israel ou de empresas envolvidas na guerra. Além disso, cobra transparência nas finanças da faculdade e anistia para estudantes e professores que se manifestaram a favor dos palestinos.

Na segunda-feira (29), a direção de Columbia ameaçou suspender os alunos que continuassem a participar dos protestos e impedi-los de completar o semestre. Eles ficariam igualmente proibidos de se formar ou fazer residências em Columbia. Só que a ordem, em vez de esvaziar a mobilização, fortaleceu-a ainda mais.

Em assembleia estudantil, a votação terminou com amplo apoio à luta pela paz e contra os ataques israelenses. A ocupação foi estendida a outras dependências. Do lado de fora do prédio, mais e mais estudantes se uniram numa corrente humana para blindar a manifestação. Conforme uma nota do Apartheid Divest, “ocupar um edifício é um risco pequeno comparado com a resistência diária dos palestinos em Gaza”. O ultimato foi em vão.

A política norte-americana em geral está contra as ocupações – mas a opinião pública se mexe na direção contrária, aderindo crescentemente à solidariedade ao povo palestino. Acusar os estudantes de antissemitismo é uma cortina de fumaça para restringir a liberdade de expressão. Há suspeitas de que manifestantes mais violentos ou radicais possam ter sido infiltrados no movimento.

Outras universidades, como Cornell, seguiram o caminho de Columbia e também suspenderam alunos que ocuparam seu campus. Seja para Cornell, seja para as demais universidades ocupadas, é válida a mensagem que os manifestantes da Universidade de Columbia tanto têm repetido: “Somos a próxima geração dos movimentos estudantis após os de 1968, 1985 e 1992, que a Columbia outrora reprimiu e que hoje celebra”.