Tendo como pauta central a luta por uma política nacional de cuidados, a cartilha eleitoral recém-lançada pela Secretaria de Mulheres do PCdoB no Estado de São Paulo, liderada pela médica Julia Roland, apresenta ideias, dados e propostas para embasar a campanha de candidatas e candidatos às prefeituras e câmaras de vereadores na disputa municipal que ocorrerá em primeiro turno no dia 6 de outubro.

O título da capa – “As cidades precisam reduzir a sobrecarga de trabalho das mulheres” – chama a atenção para a urgência de os municípios adotarem políticas públicas para diminuir a carga que recai sobre as mulheres nos afazeres domésticos e nos cuidados com pessoas da família, em particular quando elas são obrigadas a exercer dupla ou tripla jornada diária para conseguir dar conta das tarefas da casa, dos estudos e do emprego.

“O ofício de cuidar não pode ser exclusivo de mulheres e meninas, precisa ser compartilhado com a comunidade em geral (incluindo os homens) e com o Estado”, diz um trecho do documento, que tem 46 páginas ilustradas e foi editado pela jornalista Sueli Scutti.

A cartilha realça que a política de cuidados deve existir em âmbito nacional, e reconhece a iniciativa do governo do presidente Lula, sob o comando do Ministério das Mulheres, em provocar o debate sobre o tema, com audiências públicas e formação de grupo de trabalho incumbido de elaborar as diretrizes a respeito. Esse trabalho, que durou um ano e meio, resultou no desenho da política pública de cuidados encaminhada pelo presidente ao Congresso Nacional no último dia 3 de julho.

Enquanto não se avança no marco legal nacional, a Secretaria de Mulheres entende que é dever dos municípios assegurarem uma rede de equipamentos públicos de uso comum que contribua para o bem-estar das mulheres, “permitindo-lhes se liberarem mais do trabalho doméstico de cuidado, se inserirem plenamente no mercado de trabalho e dedicarem mais horas à política, à educação formal, à ciência, ao lazer, à cultura, ao esporte e ao descanso”.

Escolas e creches em tempo integral, instituições de longa permanência para idosos, restaurantes e cozinhas comunitárias, hortas e lavanderias públicas, redes de água, saneamento, energia elétrica e internet amplamente acessíveis são algumas das propostas elencadas.

Outros temas da revista são a luta pela igualdade salarial; o enfrentamento ao racismo, que atinge barbaramente as mulheres negras; a reação contundente e imediata ao “PL do Estupro”, que reavivou o movimento de mulheres no Brasil; o combate às violências contra as mulheres e o descaso do governo estadual com esse drama que afeta milhões de mulheres e meninas; e a necessidade de redirecionamento da política econômica do país para a reindustrialização e consequente geração de mais e melhores empregos.

O documento também enaltece a presença das mulheres no cotidiano partidário, desde a militância nas bases locais até a mais alta direção do Partido, que há quase dez anos é presidido pela engenheira pernambucana Luciana Santos, hoje ministra da Ciência e Tecnologia do governo federal.

Leia a íntegra da revista abaixo.

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(BL)