A ministra e presidenta do PCdoB, Luciana Santos, homenageia Renato Rabelo, durante lançamento de sua biografia. Foto: Cezar Xavier

O auditório da Unip Vergueiro/Paraíso, em São Paulo, transformou-se em um reduto de inspiração e emoção na noite de segunda-feira (7). Sob o comando de vozes que marcaram décadas de luta, o lançamento da biografia de Renato Rabelo celebrou não apenas a vida de um líder, mas a própria história do PCdoB. “Há homens que lutam toda a vida, e estes são imprescindíveis”, leu o próprio Renato, uma placa citando Bertolt Brecht. A homenagem o inscreve como presidente de honra da Fundação Maurício Grabois, concedida por Walter Sorrentino, vice-presidente do PCdoB e presidente da fundação.

Lideranças políticas, sindicais e estudantis se reuniram para celebrar o lançamento da biografia Renato Rabelo – Vida, Ideias e Rumos, escrita pelo jornalista e historiador Osvaldo Bertolino. O evento reuniu personalidades que foram homenagear a vida e a obra de Renato Rabelo — médico, ex-presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), pensador marxista e dirigente comunista cuja trajetória atravessa décadas de lutas pela democracia e pelo socialismo no Brasil e símbolo da resistência à ditadura militar.

Além do autor e do biografado, a mesa de honra comandada pela secretária de Organização do PCdoB, Nádia Campeão, contou com a presença da presidenta nacional do Partido e ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, de Walter Sorrentino, e do jornalista e um dos vice-presidentes do PCdoB, Carlos Lopes (Hora do Povo), os deputados federais Orlando Silva (PCdoB-SP) e Renildo Calheiros (PCdoB-PE), além do sindicalista Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Rovilson Brito, presidente do PCdoB-SP e Manuela Mirella, presidenta da UNE (União Nacional dos Estudantes).

O livro, fruto de um extenso trabalho de pesquisa, resgata não apenas os marcos da militância política de Rabelo, mas também os dilemas e os sonhos vividos por um homem que se dedicou integralmente à causa do povo brasileiro.

Uma vida a serviço da “construção de pontes

A obra, com 848 páginas, não é apenas um relato cronológico. É um mergulho na mente de quem dedicou a vida a unir correntes políticas. Sua trajetória, desde a militância estudantil contra a ditadura até a presidência do partido, revela um homem que ouvia mais do que falava, mas cujas palavras moldavam caminhos.

Em tempos de retrocessos, ataques à democracia e concentração de renda, a biografia de Renato Rabelo se apresenta como um chamado à ação. Um farol — como disse o presidente Lula no prefácio da obra — que ilumina o caminho de quem não desiste de sonhar com um Brasil soberano, justo e socialista.

O livro narra os 86 anos de Rabelo, desde sua infância na Bahia até a liderança no PCdoB, passando por exílio, clandestinidade e atuação decisiva na redemocratização e eleição de governos progressistas. “Renato é um protagonista da construção de um Brasil soberano”, definiu Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB e ministra de Ciência e Tecnologia, em seu discurso.

A obra destaca momentos-chave da vida de Rabelo, passando pela militância estudantil contra a ditadura militar, até sua liderança no PCdoB, o exílio na França e a reconstrução do partido pós-anistia. O livro aborda seu papel na resistência durante o regime militar, sua contribuição para a formulação estratégica do partido e sua defesa de um projeto nacional soberano.

Bertolino, autor da biografia, ressaltou a meticulosa pesquisa que incluiu nove horas de entrevistas com Rabelo, além de arquivos da ditadura e documentos da Fundação Maurício Grabois. A biografia revela Rabelo como um “arquiteto da unidade”, nas palavras de Adalberto Monteiro, mentor do projeto. O livro inclui prefácios de Lula e Dilma, que destacam sua capacidade de “transformar utopias em projetos concretos”.

“Renato combinou teoria marxista com ação política. Sua capacidade de diálogo e firmeza nos momentos de crise foram essenciais para os avanços dos governos Lula e Dilma”, afirmou Bertolino, citando trechos dos depoimentos de Lula e Dilma, incluídos no livro.

Durante o evento, também foi exibido um vídeo com depoimentos do ex-presidente Lula e da ex-presidenta Dilma Rousseff, que destacaram a integridade e a importância de Rabelo para a democracia brasileira. “Renato é um símbolo da resistência e um exemplo de coerência política”, afirmou Dilma em seu depoimento. “Ele foi um pilar de apoio durante meu impeachment”.

Homenagens e alertas: “O socialismo segue como horizonte”

A cerimônia reuniu gerações de militantes, incluindo familiares de Rabelo. Sua filha, Nina, enviou uma mensagem em vídeo: “Meu pai nunca buscou louvor, mas esta biografia é um registro vital para a história das lutas populares”.

“Este livro não é sobre merecimento, mas sobre registrar uma história de luta e ideias”, disse ela. A filha do homenageado afirmou: “Este livro não celebra um herói, mas um coletivo. Meu pai sempre disse: ‘O PCdoB não é minha casa, é minha família’”. A companheira, Conchita, foi lembrada como “heroína oculta” por seu apoio à trajetória do biografado em momentos dramáticos da vida nacional.

Walter Sorrentino, presidente da Fundação Maurício Grabois, anunciou Rabelo como novo presidente de honra da instituição, ao lado de nomes como João Amazonas e Maurício Grabois. “Ele é um farol para a nova luta pelo socialismo”, declarou. Já o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) reforçou: “Renato nos ensinou que a política se faz com paciência histórica, mas sem perder o rumo da transformação”.

O jornalista Carlos Lopes lembrou os tempos de clandestinidade: “Ele foi nossa bússola quando o horizonte parecia perdido”. Lopes lembrou a perseguição sofrida por Rabelo durante a ditadura e sua resiliência: “Ele é uma das personalidades que condensam o melhor da esquerda brasileira”. A vereadora Cida Pedrosa, em poema dedicado a Rabelo, definiu-o como “homem esperança, pássaro novo em primeiro voo”.

Juventude e futuro: “Com tiranos não combinam corações brasileiros”

Representantes de movimentos estudantis, como a UNE e a UJS, encerraram o evento com um tributo à influência de Rabelo na formação de novas lideranças. O evento contou com intervenções artísticas, e o vídeo com fotos históricas de Rabelo, desde sua juventude até momentos decisivos da política nacional. A presidente da UNE liderou um coro de “Renato, Guerreiro do Povo Brasileiro”, reforçando a conexão entre as novas gerações e a história do partido.

“Ele nos mostrou que ser revolucionário é ter serenidade para ouvir e coragem para agir”, disse Manuela. Estudantes dirigentes de várias entidades subiram ao palco para lembrar que a luta do “homem que nunca teve medo de ser gentil” continua viva. Um vídeo com fotos históricas (constantes do livro) encerrou a cerimônia, acompanhado pela canção de Jorge Mautner, Bandeira do Meu Partido, cantado junto com o público.

Lançamento nacional e disponibilidade do livro

Após o evento, foi aberto um coquetel para autógrafos, com exemplares disponíveis no local. A biografia marca os 103 anos do PCdoB e reafirma o compromisso de Rabelo com a “luta por um Brasil justo, soberano e socialista”. Como disse Bertolino em seu discurso: “Esta é uma obra coletiva, fruto da luta de muitos”.

O livro já está disponível com sessões de autógrafos programadas em outras cidades. Como definiu Luciana Santos: “Esta biografia não é apenas um registro, mas uma bússola para os novos tempos”.

Para saber mais: Renato Rabelo – Vida, Ideias e Rumos (Editora Anita Garibaldi, 848 páginas) está à venda em anitagaribaldi.com.br.

Assista a íntegra da transmissão do lançamento:

(por Cezar Xavier)